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Suicídios e trânsito ruim levam Nova York a refletir sobre Uber

Além de engarrafamentos, o Uber também provoca a aniquilação do setor de táxis, acentuada pelos suicídios de seis taxistas em sete meses

 (Robert Galbraith/Files/Reuters)

(Robert Galbraith/Files/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 20 de junho de 2018 às 10h56.

Última atualização em 20 de junho de 2018 às 11h43.

Em Nova York, a ascensão da Uber e de outras empresas de transporte particular provoca engarrafamentos nas ruas de Manhattan, já que mais táxis do que nunca concorrem para atender a pessoas que vão para o trabalho, moradores e turistas. Também provoca a aniquilação do setor de táxis, acentuada pelos suicídios de seis taxistas em sete meses.

Três anos atrás, o prefeito Bill de Blasio tentou limitar temporariamente o crescimento da Uber para estudar seu impacto sobre o congestionamento. A Câmara Municipal acabou com a proposta depois que a empresa fez uma campanha milionária de anúncios na TV e pressão. Na época, 12.600 veículos de transporte de aplicativos circulavam pelas ruas da cidade. Hoje são 80.000, e 2.000 são acrescentados a cada mês.

De Blasio, um democrata em seu segundo mandato, diz que agora cabe à Câmara resolver dois grandes problemas causados por esse crescimento exponencial: a incapacidade dos motoristas de ganhar a vida e o custo econômico do congestionamento das ruas para as empresas da cidade. A Câmara está estudando novas regulamentações para resolver ambos os problemas, mas não há um cronograma de ação.

“Estou aberto a algum tipo de limite, mas me preocupa que seja tarde demais, com tantos motoristas da Uber já nas ruas”, disse o presidente da Câmara, Corey Johnson, que ajudou a sufocar a tentativa de limitar a Uber em 2015, em entrevista. “Receio que isso não conseguiria tudo o que queremos.”

O debate reflete uma discussão internacional sobre como regulamentar serviços de transporte particular, como o da Uber Technologies, que foi lançado em sua cidade natal, São Francisco, em 2009 e chegou a Nova York em 2011. Hoje ele está em mais de 300 cidades de 56 países.

Em Nova York, a ascensão da Uber está matando o setor tradicional de táxis amarelos. Dirigir um táxi dava aos imigrantes um caminho possível para uma vida melhor, disse Bhairavi Desai, porta-voz da Taxi Workers Alliance, uma organização que representa centenas de taxistas.

Jason Post, um porta-voz da Uber, disse que a empresa proporciona emprego a dezenas de milhares de nova-iorquinos e alternativas de transporte aos moradores. “Os novos veículos acompanham a demanda crescente por viagens fora de Manhattan”, disse ele.

Congestionamento

O problema não é só um excesso de táxis, mas que haja tantos circulando no distrito comercial central de Manhattan em busca de passageiros, disse De Blasio. Cerca de um terço deles fica vazio em dias úteis comuns no centro de Manhattan, onde o trânsito se arrasta a menos de 11 quilômetros por hora, 23% mais lento do que em 2010, segundo uma análise de dados da Taxi & Limousine Commission feita por Bruce Schaller, ex-vice-comissário do Departamento de Transporte da cidade.

Esse congestionamento custa à economia cerca de US$ 34 bilhões por ano, segundo relatório da Inrix, um grupo de consultoria sobre transporte de Kirkland, Washington.

Embora talvez seja necessário impor um limite temporário, a solução de longo prazo é a criação de incentivos e multas que encorajem os carros a atender a bairros fora de Manhattan, disse Schaller, que assessorou o pessoal da Câmara na preparação das novas regulamentações para o setor.

“Existem soluções com políticas”, disse ele. “Será preciso adotá-las para saber se terão sucesso.”

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