O CEO da Microsoft, Steve Ballmer: "Talvez eu seja um emblema de uma era antiga" (AFP)
Diogo Max
Publicado em 16 de novembro de 2013 às 14h51.
São Paulo – Após 33 anos sendo considerado o coração da Microsoft, Steve Ballmer contou o real motivo para renunciar, em agosto, ao comando da empresa dona do Windows. Em uma entrevista dada ao Wall Street Journal, o chefão falou sobre as cobranças do Conselho de Administração e disse que não podia mais seguir em frente.
Há 13 anos como CEO, Ballmer conta que começou a tomar a decisão em janeiro de 2013, durante um episódio interno em que decidia um plano para combater o crescimento do iPhone e dos smartphones Android. Ele foi interrompido por John Thompson, líder do Conselho de Administração, que disse: "Ei, cara, vamos admitir... estamos quase morrendo".
Em entrevista dada ao diário, John Thompson negou que o Conselho da Microsoft tenha pressionado pela renúncia de Ballmer. "Estavamos apenas o pressionando a ir mais rápido (com as mudanças)", afirmou.
Após o incidente, Ballmer percebeu que não poderia andar suficientemente rápido para deixar o Conselho de Administração feliz. O Wall Street Journal afirma, inclusive, que Ballmer tentou deixar a companhia mais colaborativa, mas os planos não deram certo. Em maio deste ano, ele começou a se questionar se poderia realmente realizar as mudanças que o Conselho de Administração cobrava.
"Não importa o quão rápido eu queira mudar, haverá alguma hesitação de todos os funcionários, diretores, investidores, parceiros, fornecedores, clientes ou o que você quiser chamar, a acreditar que eu estou falando sério sobre isso, talvez até eu próprio", disse Ballmer.
"Talvez eu seja um emblema de uma era antiga e agora tenha que sair de cena", disse Ballmer, braço direito de Bill Gates. "Por mais que ame eu tudo o que faça, a melhor maneira de a Microsoft entrar numa nova era é um novo líder que vai acelerar a mudança", acrescentou.
O próximo CEO da Microsoft será apenas o terceiro. A lista de possíveis sucessores de Ballmer inclui, entre outros, o ex-Nokia Stephen Elop, o chefe da divisão de software da Microsoft, Satya Nadella, e o CEO da Ford, Alan Mulally, segundo o jornal.
A Microsoft, ainda segundo o Wall Street Journal, deve manter forte o seu negócio com softwares, enquanto repagina sua estrutura administrativa e volta o seu foco para aparelhos móveis e serviços online. A ideia é encontrar um lucro futuro e reduzir sua dependência no mercado de PCs, que vem enfrentando quedas seguidas.