Negócios

Startup de ex-Tesla e ex-Rappi chega ao Brasil para levar motos elétricas a entregadores

Com aporte de US$ 8,5 milhões, Leoparda Electric desembarca no país para ampliar mobilidade elétrica sob duas rodas

Jack Sarvary, fundador da Leoparda Electric: startup chega ao Brasil para democratizar motos elétricas (Leoparda Electric/Divulgação)

Jack Sarvary, fundador da Leoparda Electric: startup chega ao Brasil para democratizar motos elétricas (Leoparda Electric/Divulgação)

O britânico Jack Sarvary já é bem habituado à realidade latino americana. Há 10 anos em países como Argentina e Colômbia, já comandou operações de importantes startups.

A mais notável delas foi a Rappi, unicórnio de entregas que Sarvary ajudou a tirar do papel, ainda na época da estruturação inicial — e na qual também foi responsável pela criação de uma vertical de entregas ultra rápidas, a Rappi Turbo.

Assine a EMPREENDA e receba, gratuitamente, uma série de conteúdos que vão te ajudar a impulsionar o seu negócio.

Agora, a nova empreitada do executivo será no Brasil. Nesta terça-feira ele lança oficialmente ao mercado a Leoparda Electric, startup de mobilidade que pretende ampliar o acesso a motos elétricas para entregadores do país.

Ao lado de Sarvary está Billy Blaustein, um ex-gerente da Tesla que soma passagens em empresas de mobilidade, como a Uber. Na gigante de carros elétricos, Blaustein liderou grandes equipes, além de pivotar o braço de comercialização de seminovos da companhia. Em fevereiro, uniu-se ao colega de longa data para criar um novo negócio com alguma proposta direcionada à América Latina.

Ideia para o negócio

A gestão de uma unidade de negócios dentro da Rappi despertou o interesse de Sarvary pelas minúcias do dia a dia de entregadores, especialmente no que dizia respeito às dores financeiras. "Me perguntava o que seria necessário para fazê-los trocar uma moto comum por uma moto elétrica,que seria  mais sustentável financeiramente e para o meio ambiente", diz o empreendedor.

A resposta foi um grande compilado de problemas estruturais, como o preço dobrado dos custos e a ociosidade do carregamento dos veículos - uma carga completa de bateria costumava levar mais de cinco horas.

A partir disso, ele e Blaustein passaram a pesquisas modelos de negócio viáveis e que pudessem facilitar o acesso a motos elétricas para entregadores, mas com o advento de reduzir não apenas os custos para a aquisição, mas também fazer cair por terra os solavancos logísticos e de estrutura (como os carregamentos morosos que atrapalham a rotina de entregas).

Como vai funcionar

A proposta da Leopard Electric consiste basicamente em ser um grande viabilizador de trocas de baterias. Isso significa que entregadores proprietários de motos elétricas poderão recorrer à rede da startup para substituir suas baterias usadas por novas completamente carregadas — e assim acabar com o tempo de espera para um carregamento em postos.

Em uma rede de estações, a priori instalada em São Paulo, a Leoparda Electric vai realizar a troca para assinantes mensais a um custo que, neste primeiro momento, ficará em torno de R$ 100, a depender do plano escolhido. A proposta para ampliar isso está em parceiras com alguns players do setor.

O modelo é similar ao criado pela brasileira Voltz, que recentemente firmou parceria com o iFood para oferecer motos de R$ 10 mil para entregadores.

LEIA TAMBÉM: De olho em mercado bilionário, Bossanova cria comitê e passa a investir em startups de games

Criar essa rede, no entanto, vai exigir um primeiro esforço ao oferecer as motos em si. Para isso, a startup deve importar “algumas centenas” de motocicletas da Ásia para a venda, afirma o fundador. “Não importa como, mas queremos ser os parceiros completos dos consumidores para viabilizar a mobilidade elétrica por aqui. Estamos aos poucos pensando em maneiras de fazer isso”, diz.

Com lançamento previsto para o final de novembro, a intenção da empresa é ter ao menos 100.000 clientes até o final de 2023. “Estamos otimistas. Queremos ser a rede de combustível do futuro”, diz.

Por que o Brasil?

Com o modelo definido, a Leoparda Electric chega ao Brasil graças à crença dos executivos de que aqui mora o mercado mais maduro em mobilidade na América Latina. O adicional, nesse cenário, está no fato de o Brasil ser o país com o maior número de motocicletas em circulação, considerando o total populacional.

Por trás da proposta está uma missão social e ambiental. Segundo Sarvary, há uma certa flexibilidade acerca do que a empresa deve de fato propor aos clientes, desde que siga o propósito central de facilitar a descarbonização do planeta. “O que estamos fazendo aqui é mais do que criar uma startup e seguir esse embalo do mercado. É desenvolver uma ideia que ajude as pessoas e o planeta. O negócio vem depois”, afirma.

A captação da Leoparda Electric

Para tirar a empresa do papel e trazê-la ao Brasil, os sócios acabam de captar US$ 8,5 milhões. A rodada atual foi liderada pelos fundos Monashees e Construct Capital. Além dos líderes da rodada, também participaram do investimento:

  • Claure Capital, fundo de Marcelo Claure, que lançou o Softbank na América Latina;
  • Auteco, principal importador de motos da Colômbia;
  • K50 Ventures;
  • Climate Capital
  • Investidores anjo (fundadores, CEOs e executivos de companhias como Rappi, Tesla, Uber, Kavak e Kovi)

Com a rodada, a intenção da empresa é apostar na criação de um time robusto de especialistas, “roubando” experts de grandes empresas do mercado - vide o caso da própria Tesla. “Vamos contratar especialistas de grandes companhias, como engenheiros de software, e começar a implementação da nossa rede de trocas de carregamento”, diz.

Acompanhe tudo sobre:MobilidadeStartups

Mais de Negócios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira