Rodrigo Trevizan, da wemobi: 70% dos clientes que estão na nossa plataforma não estavam nas empresas rodoviárias (wemobi/Divulgação)
Lançada em julho de 2020 em meio aos gerado pela pandemia de Covid-19, a startup de transporte rodoviária wemobi vive um momento bem melhor do que nos seus meses iniciais. A empresa deve fechar o ano com faturamento superior a 67 milhões de reais, crescimento de 245% em relação ao desempenho do ano passado.
Nos últimos meses, o setor rodoviário foi impactado positivamente pelo aumento das buscas por passagens, resultado da inflação elevada no modal concorrente, o mercado aéreo. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Transportes Terrestres (Abrati) apontam que a alta na demanda chega até 60% em algumas companhias do setor.
Um grande trunfo para a rápida expansão da startup é que a wemobi faz parte do Grupo JCA, dono das viações Catarinense, Cometa e 1001, e aproveita da experiência de décadas. A holding aportou R$ 8,6 milhões para o início da operação e, em 2021, reforçou o caixa com mais R$ 5 milhões da 2A Investimentos, fundo do grupo JCA.
A empresa nasceu como nativa digital, uma roupagem nova dentro de uma indústria que por um período pareceu ter estacionado no tempo.
A startup trabalha com um modelo que se apoia em quatro pontos para que consiga oferecer passagens mais em conta aos clientes. Segundo a companhia, os valores ficam até 60% inferior aos praticados no mercado.
A estratégia inclui:
A aposta do grupo na startup surgiu ao acompanhar tendências de mobilidade rodoviária global, de acordo com Rodrigo Trevizan, ceo da wemobi. O executivo está há cinco anos na JCA, após acumular 15 anos de experiência no mercado de aviação, passando por empresas como Latam e Avianca.
Além disso, o objetivo da startup era ir atrás de um outro público para o sistema rodoviário. “70% dos clientes que estão na nossa plataforma não estavam nas empresas rodoviárias. Ou eles não viajavam ou pegavam aplicativos de carona ou usavam outro modal de transporte”, afirma.
Por um tempo, por exemplo, 25% dos passageiros declaravam que estavam desempregados – o percentual atualmente caiu para 15%.
Outro dado relevante sobre o perfil do público é que as compras são realizadas com cerca de 20 dias de antecedência, o que demonstra uma determinada programação para as viagens. No mercado em geral, o intervalo varia entre 2 e 3 dias.
A wemobi opera viagens em 19 cidades entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Ao longo de 2022, mais de 1 milhão de passageiros foram transportados pela empresa, alta de 137% em relação a 2021.
Para 2020, a empresa quer aumentar esse número e aposta na ampliação das rotas para avançar.
Uma das iniciativas é o estabelecimento de parcerias, como a que acabou de desenvolver com a viação Planalto. Com modelo de marketplace, a iniciativa ampliará a oferta de passagens para os estados do sul, aumentando a capilaridade na região.
Ao longo do ano, a wemobi espera adicionar também opções para o centro-oeste e o nordeste, seja a partir de parceiras seja com operações conjuntas.
Segundo Trevizan, o braço de marketplace representa 5% e não deve passar de 10% nos próximos anos. “O grande montante de faturamento deve vir da plataforma. Se não, nós seremos mais um marketplace e não queremos isso, não é a nossa razão de ser. É mais um produto ali para que possamos dar serviço aos nossos clientes”, afirma.
Acompanhando o aumento de ofertas das rotas, a empresa quer melhorar a experiência dos motoristas dos ônibus, na comunicação com central, e dos usuários.
Os 10 milhões previstos para 2023 devem ser aplicados em soluções que facilitam o dia do dia dos clientes, como remarcação de passagens, criação de um sistema self check-in e a introdução de serviços como cashback e carteira digital.
“A ideia é no que final do ano tenha um cliente muito mais satisfeito”, afirma Trevizan. Outras ações previstas são a exibição de ofertas de hospedagens e integração com aplicativos de mobilidade, como Uber.