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Startup de Ilhéus quer ser 'consultor financeiro' das hotelarias e já movimentou R$ 1 bilhão

A inteligência artificial da Bebook promete quartos preenchidos para os hotéis e preços melhores para os clientes

Chris Penna, fundador da Bebook

Chris Penna, fundador da Bebook

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 10h48.

Última atualização em 7 de novembro de 2024 às 14h51.

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RECIFE (PE)* — Muitos hotéis enfrentam dificuldades para ajustar preços conforme a demanda, especialmente em datas de alta procura, como feriados e eventos especiais. Do lado dos clientes, a insatisfação surge quando as tarifas parecem inconsistentes — às vezes altas demais, outras vezes reduzidas de última hora, quando os hotéis tentam preencher quartos que ficaram vazios.

Observando esse problema no setor de hotelaria, o mineiro Chris Penna, com mais de duas décadas de experiência em análise de dados, fundou a Bebook, startup que promete transformar como hotéis precificam suas reservas.

A startup, que começou num resort em Ilhéus, combina inteligência artificial com gerenciamento de receitas (revenue management). Em 2023, a empresa movimentou mais de R$ 1,5 bilhão em faturamento de hospedagens.

A Bebook começou oficialmente em 2017, quando lançou a primeira versão do produto. Em 2020, estava prestes a receber um aporte da venture capital Light House quando a pandemia de Covid-19 chegou e impactou diretamente o setor de turismo.

“Foi um momento difícil, mas os investidores mantiveram o apoio, e conseguimos avançar na tecnologia com o que tínhamos”, diz Penna.

De lá para cá, a Light House e a Inova IX, gerenciada pela Bertha Capital, investiram por volta de R$ 5 milhões ao longo de três rodadas nas fases pré-seed e seed.

Hoje, o portfólio inclui redes como Wyndham, Samba Hotéis, Gramado Parks, HPlus e Atlântica, além de operações em hotéis na Argentina e no Paraguai, com planos de expansão para o Caribe.

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A chegada da Gabi

Nos últimos dois anos, a Bebook atraiu o apoio da aceleradora Google for Startups e do venture builder CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife).

O braço de inovação do Google disponibilizou um investimento de R$ 1,4 milhão em serviços de nuvem. Já o Cesar contribuiu no desenvolvimento da Gabi, um aprimoramento da inteligência artificial da Bebook. O investimento foi dividido em duas fases de R$ 1,5 milhão cada, totalizando R$ 3 milhões.

A Gabi é o coração do sistema da Bebook e usa análises preditivas e recomendações generativas para otimizar o desempenho dos hotéis. Essa tecnologia se conecta a plataformas de distribuição de tarifas como o Booking.com, o que permite que os preços ajustados sejam rapidamente sincronizados em sites de reservas.

Como funciona?

A Gabi analisa dados de ocupação, tendências e histórico de vendas para gerar tarifas otimizadas para cada data e tipo de cliente. Penna explica que, além de prever a demanda, a Gabi sugere o preço ideal e recomenda ações conforme as mudanças de mercado.

“Um hotel corporativo, por exemplo, costuma ter mais demanda durante a semana. Mas se ele cobra o mesmo preço no sábado, quando a ocupação tende a cair, perde a chance de atrair mais hóspedes e otimizar a receita”, explica Penna.

A Gabi também melhora a experiência dos clientes ao oferecer maior previsibilidade de preços.O cliente hoje entende que, se não comprar com antecedência, pagará mais caro. Na hotelaria, a boa gestão de preços evita que quem compra na última hora pague menos do que quem reservou com antecedência”, diz Penna, comparando a situação à flutuação de preços em passagens aéreas.

*A jornalista viajou a convite do evento Rec’n’Play

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