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Startup carioca capta milhões com 'Serasa' das dívidas de empresas com impostos

Empresa recebeu R$ 4 milhões para ampliar área de tecnologia e capilaridade do negócio

Fabio Baptista, diretor executivo da Agilizza Automação Fiscal: startup quer ajudar empresas a não terem dívidas de impostos (Agência 32/Divulgação)

Fabio Baptista, diretor executivo da Agilizza Automação Fiscal: startup quer ajudar empresas a não terem dívidas de impostos (Agência 32/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de novembro de 2023 às 08h00.

Em 2020, com vários setores econômicos impactados pelas restrições impostas pela pandemia da covid-19, o governo federal criou o Pronampe, uma linha de crédito com taxas mais competitivas para socorrer micro e pequenos empresários e estimular o consumo. Na ocasião, porém, algumas centenas de empresários não conseguiram acessar o dinheiro do programa porque estavam em débito fiscal com a Fazenda Nacional. “E muitos deles sequer sabiam que estavam com alguma pendência com o fisco”, diz Fabio Baptista, diretor executivo da Agilizza Automação Fiscal.

A startup carioca Agilizza, criada por Baptista, busca resolver exatamente isso. A empresa notifica e avisa empresas se elas estão com alguma irregularidade fiscal. “É algo parecido com o Serasa”, afirma. “No Serasa, você contrata monitoramento de CPF e CNPJ para risco de crédito. O Agilizza é uma plataforma com o mesmo conceito de monitoramento, não para risco de crédito, mas para risco fiscal”. 

Na prática, a startup automatiza todo processo de emissão e renovação de Certidões  Negativas de Débitos Tributários (CNDs), verificando pendências. O cliente cadastra, coloca o CNPJ, elenca quais são as atividades que quer que a plataforma monitore. A partir disso, vai recebendo notificações quando entra alguma dívida. 

Agora, a startup acaba de captar aproximadamente 4 milhões de reais em investimentos. O aporte vem de um venture capital. Essa conquista é acompanhada por uma projeção conservadora de faturamento, estimando cerca de 70 milhões de reais nos primeiros três anos de operação.

Como o Agilizza nasceu

Baptista, fundador do Agilizza, é sócio de um grupo de empresas que presta serviços na área contábil, fiscal e de folha de pagamento. Foi lá que viu que os clientes (e até funcionários) sofriam com dificuldade na manutenção da certidão negativa de débito. “Eram centenas de empresas num processo manual de verificação desses documentos”, afirma.

Foi dentro desse grupo empresarial que a equipe de Baptista começou a desenvolver um sistema tecnológico para automatizar a verificação das CDNs. Depois de pronto, entenderam que, além de suprir a necessidade interna, poderia ser um produto específico, numa nova empresa. Foi assim que nasceu a startup. 

“Chegamos a conclusão que estávamos prontos para ir ao mercado”, diz. “Tínhamos percepção que para o mercado como um todo, sem exceção, não era dada a importância ou não tinha processo inteligente de monitoramento de certidão negativa de débito. Focamos nisso”. 

Como o Agilizza funciona

A ideia do Agilizza não é negociar débitos junto à Fazenda, mas monitorar e informar se há alguma pendência. “Ele vai te notificando em todas as fases do processo, para que você não tenha surpresas”, afirma. “Estamos falando de um mercado que possui cerca de 23 milhões de CNPJs ativos”. 

Inicialmente, a empresa vai consultar automaticamente três tipos de informações que indicam se há uma pendência: a situação fiscal (que fala se há algum débito tributário lançado no CNPJ), a caixa postal da Receita Federal e as certidões negativas de débitos. 

Como a ideia é consultar informações de débitos da União, dos estados e dos municípios, o aporte que entrou agora será usado para reforçar a estrutura de tecnologia e permitir que consigam puxar os dados de todos esses bancos de informações. O principal desafio é municipal, porque cada prefeitura pode ter um site próprio para depositar essas informações - isso se tem. Hoje a plataforma já consegue ver dados de 250 municípios.

No momento, a empresa trabalha no modelo trial, atraindo clientes para experimentar o serviço por um período gratuito. Depois, cobra uma mensalidade, que varia conforme a quantidade de bancos de dados checados.  Consulta de uma atividade específica custa 29,90 reais por mês. O combo com mais atividades vai para 44,90.  

“A espinha dorsal é: todo mundo que tem CNPJ é potencial usuário”, diz Baptista. “Mas existem algumas cadeias que conseguem ter escalabilidade maior, como o mercado de franquia”.

Nas últimas semanas, o Agilizza foi aprovado pela Associação Brasileira de Franquias como associado. Ou seja, tem potencial de ser fornecedor homologado pela associação. “Estamos falando de um mercado com mais de 220.000 franqueados, que movimenta mais de 80 bilhões de reais por ano”, afirma. “Só esse movimento fará com que o Agilizza tenha um ambiente gigantesco para chegar nos próximos”. 

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