Negócios

Arvo: conheça a startup que quer livrar operadoras de saúde de "enrascadas" financeiras

Fundada em 2022 por dois executivos com experiência em inovação na área de saúde, startup usa inteligência artificial para evitar fraudes e erros em pagamentos

Rafael Tinoco e  Fabrício Valadão, fundadores da Arvo (Arvo/Divulgação)

Rafael Tinoco e Fabrício Valadão, fundadores da Arvo (Arvo/Divulgação)

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias

Repórter de Negócios e PME

Publicado em 5 de abril de 2023 às 09h00.

Última atualização em 5 de abril de 2023 às 10h38.

A falta de eficiência operacional é um problema que não raro bate à porta dos mais variados setores dentro de uma empresa. Fatores como trabalho em excesso, atividades repetitivas e times enxutos são, muitas vezes, as justificativas mais aceitáveis no caso de possíveis erros em papeladas e em alguns processos tipicamente manuais, como a prestação de contas.

A Arvo, startup de inteligência de dados, quer mudar esse estigma de erros convencionais e humanos no setor de saúde. Criada em agosto de 2022, a empresa usa inteligência artificial e aprendizado de máquina para agilizar e melhorar a auditoria de pagamentos por serviços e atendimentos na rede particular de saúde.

O foco está nas grandes operadoras de saúde, como:

  • medicinas de grupo
  • seguradoras
  • autogestões
  • cooperativas
  • outras companhias com algum interesse em melhorar os valores dos sinistros acionados por clientes.

Como funciona a tecnologia

Para redimir, ao menos em partes, os prejuízos financeiros causados a operadoras de saúde que lidam com uma quantidade imensa de transações no dia a dia, a Arvo criou um algoritmo dotado de inteligência artificial que avalia um conjunto de dados relacionado aos pagamentos feitos a prestadores de saúde de redes credenciadas, evitando fraudes, erros e desperdício de recursos em alguns procedimentos médicos.

O propósito, além de evitar gastos e cobranças indevidas, é o de melhorar o relacionamento entre esses prestadores e planos de saúde, já que operadoras são capazes de otimizar a gestão de contas médicas, reembolsos e autorizações, tornando os processos mais ágeis e assertivos, reduzindo desperdícios, fraudes e erros. 

A Arvo atua na ponta, analisando os pagamentos feitos por planos de saúde que vão para os prestadores de serviço após a conclusão de cada atendimento ou procedimento médico. Em outra frente, a startup também avalia os indicadores de pagamento e identifica irregularidades ainda durante a autorização prévia feita pelos convênios.

Quem são os fundadores

O negócio vem dos esforços empreendedores de Fabrício Valadão, ex-executivo de saúde com passagens pela multinacional Aon e pela consultoria Bain & Company, onde atendia empresas do setor de saúde — e por Rafael Tinoco, executivo de tecnologia e saúde com passagens por companhias como Amil, Gympass e Alice.

Em comum, os dois compartilhavam a visão de que boa parte dos problemas de acesso à saúde no país poderia ser resolvido com tecnologia, já que a consequência direta dos processos de regulação gestão de contas, feitos de forma manual, gera o encarecimento dos serviços de saúde. Ao invés de criar uma rede com custos mais baixos e voltados às classes C e D — uma estratégia adotada por companhias como Alice, Sami e Dr. Consulta — eles decidiram colocar soluções de tecnologia à disposição das grandes operadoras, de uma só vez.

“O setor de saúde é um dos poucos que ainda não passaram por uma transformação digital, ao contrário de mercados como o financeiro, por exemplo”, avalia Tinoco. “O sistema que existe hoje ainda nos dá muito espaço para crescer e criar novas soluções”.

A Arvo já é alvo e alguns fundos de investimento. Um menos de um ano, foi investida pelo K50 Ventures, Preface, e Latitud VC, que atua com foco em LATAM. Além disso, em investidores-anjo como Mauro Figueiredo (ex-CEO Odontoprev e Fleury), Marcelo Homburger (ex-CEO Aon), Silvio Genesini (ex-CEO da Oracle no Brasil).

Qual é o tamanho desse mercado

De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), fraudes e desperdícios beiram 19% de todo o valor movimentado pelo mercado de saúde privada no país. Apenas em 2022, esse valor foi de R$ 40 bilhões. 

Quais são os planos

Desde que foi lançada ao mercado, a Arvo vem testando sua tecnologia com uma primeira base de clientes. Sem revelar a quantidade exata de usuários, os fundadores afirmam que o número é suficiente para validar a tese da startup, que agora está pronta para atender o mercado em larga escala. “Está na hora de colocar essa inteligência à serviços do setor”, diz Valadão.

De agosto para cá, segundo os empreendedores, a companhia processou algo como R$ 17 bilhões em sinistros, o que equivale ao custo de saúde de 1,6 milhão de pessoas e 50 milhões de contas médicas. 

Do lado da economia, a Arvo estima reduzir em até 4% o valor gasto em sinistros de clientes. Apesar de baixo, o percentual é considerável, segundo o empreendedor. Já que, quando aplicado ao resultado total do setor, a quantia seria suficiente para estancar todo o prejuízo das operadoras de saúde no terceiro trimestre do ano passado, afirma.

Agora lançada ao mercado geral, a Arvo pretende aprimorar a sua tecnologia “plug-and-play”, cuja função será levar a inteligência de dados para dentro das operadoras com uma solução que pode ser “plugada” aos departamentos de auditoria internos. 

“Veremos uma equação em cadeia: o dinheiro movimentado nesse mercado, quando melhor alocado, reduzirá ainda mais os custos e desperdícios. Com isso, o sistema de saúde respira melhor e consegue ser mais competitivo, o que fará dele mais acessível”, avalia Tinoco.

VEJA TAMBÉM

Acompanhe tudo sobre:Startups

Mais de Negócios

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades

Tupperware inicia processo de recuperação judicial