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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
O minguado aumento de 4% nas vendas da Starbucks, divulgado na última quarta-feira (2/8), provocou um alerta, pela primeira vez: o notável crescimento da rede - que transformou uma cafeteria de Seattle em uma gigante global - pode estar mais vulnerável às oscilações no humor dos consumidores. O anúncio do crescimento baixo e a análise de suas possíveis causas levaram a uma onda de venda dos papéis da companhia, cuja cotação despencou 8% só nesta quinta-feira (3/8).
A Starbucks coloca a culpa do resultado no sucesso inesperado de seus Frappuccinos em julho, devido à onda de calor que atingiu os Estados Unidos. Esta é uma bebida que demora mais do que as outras do cardápio da rede para ser preparada - tem de ser misturada em uma batedeira e ganhar coberturas de creme e doces. A grande procura teria causado longas filas e assustado consumidores, de acordo com o americano The Wall Street Journal.
Mas alguns analistas acreditam que por trás da desaceleração há uma questão mais problemática: a Starbucks pode estar prestes a se tornar refém de leves mudanças no comportamento do consumidor. A recente expansão da rede levou suas cafeterias a cidades pequenas e pontos de rodovias, um movimento que expandiu a base de clientes mas também expôs a companhia a clientes que cortam gastos extras quando o preço da gasolina sobe ou as contas do cartão de crédito ficam mais altas.
Outras empresas da indústria de restaurantes já assistiram a essa tendência, como Applebee's International e Cheesecake Factory - elas reclamam que os clientes presos às despesas com combustíveis estão reduzindo suas refeições feitas fora de casa. "Passamos por uma das piores baixas na história dos restaurantes", diz John Glass, analista da CIBC World Markets". "Está começando a chegar a redes como Starbucks, que historicamente tinha imunidade frente a isso". A rede desmente que a desaceleração das vendas tenha razões macroeconômicas.
Os analistas ainda apontam outro risco à evolução da companhia: a porcentagem de americanos que bebem café pela manhã vem caindo por pelo menos 15 anos. Apenas 37,7% dos consumidores afirmam tomar a bebida, frente a 48,7% em 1990. Além disso, a Starbucks pode estar perdendo espaço para redes como McDonald';s, que começou a investir em campanhas de marketing para vender seu café, e para a Dunkin' Donuts, que está planejando uma expansão e redesenho de suas lojas.