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Starbucks, Burger King e KFC: como os cubanos adaptam as franquias americanas

Nos últimos anos, começaram a surgir estabelecimentos privados inspirados nas mais famosas cadeias dos EUA ou com pratos emblemáticos desse tipo de estabelecimento em seus cardápios

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Agência de Notícias

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 13h23.

A barista Melisa García, vestida com um avental verde com o logotipo de uma sereia de cabelo ondulado no centro, entrega um frappuccino ao cliente. O copo leva o nome deste, mas mesmo assim, ela o chamou em voz alta antes de entregá-lo.

A cena é universalmente reconhecível. Mas, ao menos neste caso, é diferente: não se trata de uma das muitas cafeterias Starbucks espalhadas pelo mundo, mas do Starcafé, no coração de Havana.

Aqui, ao fundo, ouve-se música cubana em vez de jazz, os sanduíches frios no balcão são substituídos pela comida do menu e não há 'hipsters' ocupando todos os assentos com seus laptops da marca Apple.

Embora à primeira vista seja muito mais difícil notar essas diferenças, o que torna o local chamativo é que na ilha caribenha não existem franquias americanas.

Apesar dessa particularidade, nos últimos anos, começaram a surgir estabelecimentos privados inspirados nas mais famosas cadeias dos EUA ou com pratos emblemáticos desse tipo de estabelecimento em seus cardápios.

O Starcafé, inaugurado em 2023 e localizado em frente à icônica Bodeguita del Medio, é talvez um dos mais conhecidos. Também é o mais "instagrameável", segundo o que Melisa García conta à EFE.

"Os vídeos se viralizaram bastante (...) nos conhecem pelos 'reels'. Muitos jovens, que são influenciadores, vêm e fazem resenhas tanto dos cafés quanto das comidas", afirma com um sorriso contagiante.

Para ninguém da equipe da cafeteria foi surpresa a enxurrada de habaneros menores de 35 anos que se apressaram desde o primeiro momento a tirar selfies com seus copos no estilo Starbucks, como fazem seus familiares que vivem na Flórida.

A proliferação desse tipo de estabelecimento era impensável há apenas alguns anos. Mas Melisa García afirma que, "como tudo, os tempos mudam".

Aberturas

Desde a vitória da revolução cubana em 1959, mas, sobretudo, depois que Washington começou a aplicar sanções contra a ilha, a possibilidade de grandes cadeias americanas se estabelecerem no país foi se dissipando.

No entanto, a chegada da internet móvel em 2018 e o auge do setor privado – as PMEs, proibidas em 1968, foram permitidas novamente em 2021 – promoveram uma tímida, embora cada vez mais evidente, abertura para tendências globais no país socialista. Principalmente, com a participação em alguns negócios de empresários com um pé nos Estados Unidos e outro em Cuba.

Embora tenha sido uma mudança lenta, nos últimos anos deixou de ser uma anomalia, por exemplo, ver pessoas fantasiadas em outubro para o "Halloween", com casas e estabelecimentos decorados com enfeites de fantasmas, ou avistar mais de um Papai Noel em dezembro.

Essa abertura, após décadas de isolamento, tem gerado algumas reações nos setores mais fechados do governo, que criticam essas tendências na imprensa estatal. "Uma prática de colonização cultural estranha à nossa idiossincrasia", escreveu uma vez o jornal Granma.

Experiência diferente

O Starcafé não é o único local inspirado em marcas globais. Em 2024, também abriram em Havana um restaurante no estilo KFC, com uma tela sensível ao toque para pedir combos de frango frito com refrigerante e batatas fritas, e uma hamburgueria chamada Burger Queen.

“Para o cubano é difícil sair de Cuba. E desde que temos internet, tivemos muito mais acesso às redes sociais e a consumir coisas de fora. E isso sempre cria curiosidade (...) De certa maneira, esse tipo de negócio que se inspira, em maior ou menor grau, nesses lugares, oferece ao cubano a possibilidade de viver essa experiência”, conta à EFE Andy García, sócio da Burger Queen.

Este restaurante de fast food partiu de uma ideia simples, mas eficaz: “Pensamos no que existe no mundo. O que faz você pensar em uma hamburgueria? Claro, tem o Burger King”, conta.

Melisa García e Andy García concordam que há também um fator "aspiracional" em alguns dos clientes que se aproximam desses negócios.

O sócio da Burger Queen acrescenta que a mudança na oferta gastronômica também é algo que tem feito com que locais como o seu ganhem a atenção dos consumidores, famintos por um cardápio diferente da comida tradicional cubana. EFE

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