Kim Kardashian West: acordo para podcast exclusivo no Spotify (Pierre Suu/GC Images/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 19 de junho de 2020 às 08h33.
Última atualização em 19 de junho de 2020 às 11h58.
O Spotify anunciou nesta semana duas novidades em seu portfólio de podcasts que animaram os investidores da companhia de streaming de áudio. A empresa fará uma série de podcasts exclusivos com a celebridade Kim Kardashian West e, além disso, um outro produto com personagens da DC Comics, subsidiária da Warner e dona de alguns dos heróis mais conhecidos do mundo.
Os anúncios feitos nesta semana fizeram a ação do Spotify chegar a subir mais de 15% nesta quinta-feira, 18, e alcançar valor recorde após os anúncios sobre a DC, que foram feitos ontem. Já o contrato com Kardashian foi revelado pelo jornal The Wall Street Journal na quarta-feira, 17.
Os projetos fazem parte do plano do Spotify em aumentar cada vez mais o volume de podcasts exclusivos na plataforma e autorais, para bater a concorrência de podcasts em plataformas rivais, como Apple, Deezer e Castbox, e aumentar a permanência de seus ouvintes.
O acordo com a DC vai incluir a propriedade intelectual de todo o universo DC, incluindo personagens populares como Batman, Coringa, Mulher-Maravilha e Superman. A ideia é fazer podcasts originais e de histórias roteirizadas com os super-heróis. A empresa não revelou os valores do acordo ou a data de lançamento dos primeiros podcasts.
Já o podcast de Kim Kardashian será sobre o sistema penal. O conteúdo está relacionado ao trabalho que Kardashian já desenvolve na organização The Innocence Project, que luta contra condenações ilegais. Kardashian também estuda no momento para se tornar advogada.
Com o ânimo dos investidores após os acordos, o Spotify fechou o pregão de ontem com ação em alta de 12,74%, a 225,28 dólares. A empresa sueca tem capital aberto na NYSE, uma das bolsas de Nova York, desde 2018. O valor de mercado do Spotify chegou a 41,9 bilhões de dólares.
O Spotify afirma que 19% de seus usuários engajam com podcasts, ante 16% no fim do ano passado. O consumo cresce em taxas de três digitos ano a ano, segundo a empresa.
Havia no fim de março 286 milhões de usuários mensais ativos no Spotify, 130 milhões deles assinantes. Do faturamento, que foi de 6,8 bilhões de dólares em 2019, mais de 90% vem de assinaturas, e não dos anúncios exibidos a usuários na versão gratuita.
Ter podcasts é importante para o Spotify porque, apesar dos altos valores em contratos exclusivos com as estrelas, a massa dos podcasts ouvidos não exige pagamento de royalties, um dos maiores custos do Spotify com as músicas. Hoje, os podcasts para assinantes premium não têm anúncios vindos do Spotify, apenas dos próprios produtores, mas é algo que também pode mudar no futuro.
"Nós continuamos acreditando que nossos investimentos em podcasts vão beneficiar a plataforma como um todo, e vemos um befício geral tanto para uso e engajamento quanto para retenção, tanto nos usuários gratuitos quanto premium", disse a empresa no último balanço.
Os contratos multimilionários para podcasts viraram frequentes na companhia, que não esconde seu desejo de criar uma espécie de monopólio do podcast. A empresa comprou nos últimos anos a produtora Gimlet Media, fundada em 2014 e vista como produtora de podcasts mais desenvolvidos e de qualidade, e a Anchor, cujo aplicativo facilita a criação de podcasts de forma gratuita. As aquisições chegaram a ser questionadas em meio a argumentos de concentração do mercado.
Também neste ano, em maio, o Spotify já havia fechado um acordo de exclusividade com o humorista americano Joe Rogan, que é ouvido mais de 190 milhões de vezes por mês e fatura mais de 30 milhões por ano. Segundo o Wall Street Journal, o Spotify pagou a Rogan valores na casa dos 100 milhões de dólares por um podcast exclusivo até 2021.
O Spotify também tem parcerias para podcasts com nomes como a Higher Ground, produtora de Barack Obama e Michelle Obama, e o comediante Amy Schumer.
No Brasil, a empresa sueca já fechou acordos para produzir podcasts exclusivos durante a Copa do Mundo, em 2018, e a Copa do Mundo feminina, em 2019, ou com podcasts de veículos jornalísticos, como a Folha de S.Paulo.
O Spotify também passou a dar mais prioridade aos podcasts em seu aplicativo, lançando seções temáticas como já faz com as músicas. A seção "Podcasts para você" também passou a trazer podcasts recomendados para cada ouvinte com base no algoritmo da empresa, que já recomenda músicas específicas baseado no histórico recente de cada usuário.