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Sob pressão, fábrica de ventiladores pulmonares é invadida na Grande SP

Vice-prefeito de Cotia levou 35 equipamentos da Magnamed, segundo a empresa. Sócios tentam captar 100 milhões de reais

Modelo de respirador usado em pacientes de Covid-19 em hospital na França
20/03/2020
REUTERS/Stephane Mahe/File Photo (Stephane Mahe/Reuters)

Modelo de respirador usado em pacientes de Covid-19 em hospital na França 20/03/2020 REUTERS/Stephane Mahe/File Photo (Stephane Mahe/Reuters)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 27 de março de 2020 às 20h32.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 20h48.

A Magnamed, fabricante paulista de ventiladores pulmonares, um dos equipamentos mais necessários em meio à pandemia do coronavírus, foi invadida na tarde desta sexta-feira. Acompanhado de funcionários da guarda municipal, o vice-prefeito e secretário de segurança pública de Cotia, Almir Rodrigues, entrou na fábrica da companhia e, segundo a Magnamed, levou 35 ventiladores pulmonares já vendidos e ainda não testados.

Em nota, A Magnamed afirmou que os equipamentos não estão prontos para entrar em operação. "Colocá-los [os equipamentos] em funcionamento significa por em risco os pacientes que, porventura, forem tratados em UTIs que possuam esses ventiladores", disse a empresa.

A prefeitura afirmou que a ação foi amparada em decisão judicial que garante o fornecimento dos equipamentos para estado e município. Diz ainda que tentou, sem sucesso, contatar a empresa.

Segundo o Secretário Municipal de Assuntos Jurídicos e da Justiça de Cotia, Victor Marques, profissionais de engenharia da Magnamed que estavam presentes no momento do confisco disseram que os aparelhos estavam aptos para uso. Ainda segundo Marques, o município vai pagar os respiradores à empresa.

O episódio revela uma crescente pressão política sobre a Magnamed, uma das mais tradicionais fabricantes de equipamentos médicos do país, com equipamentos exportados para 40 países. A companhia foi fundada por um trio de engenheiros filhos e netos de imigrantes japoneses -- Tatsuo Suzuki, Wataru Ueda e Toru Kinjo -- e tem como investidores os fundos KPTL e Vox. A expectativa era faturar 58 milhões de reais em 2020, com 60% da receita vinda de dentro do Brasil -- números que devem crescer agora com a crise de saúde no país.

Em outros países, como a Espanha, hospitais privados e fabricantes de equipamentos médicos chegaram a ser estatizados para garantir a oferta no período de crise. Os sócios da Magnamed vem buscando uma forma de expandir a produção com a injeção de recursos. Estão levantando um pacote de 100 milhões de reais para aumentar a produção a ponto de poder fornecer metade dos ventiladores necessários para o país durante a emergência.

Entre o grupo de empresas que se uniram para viabilizar a produção estão, segundo EXAME apurou o grupo Suzano e as fabricantes de eletrônicos Flex e Positivo.

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