Cielo: resultado menor no primeiro trimestre do ano (Paulo Fridman/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 24 de abril de 2019 às 08h59.
Última atualização em 24 de abril de 2019 às 10h04.
São Paulo — A Cielo teve no primeiro trimestre outra rodada de forte queda do lucro, refletindo o prolongado declínio das margens e o aumento das despesas com marketing e pessoal para tentar reagir à concorrência cada vez mais feroz no mercado brasileiro de cartões.
Maior empresa de meios eletrônicos de pagamento do país, a Cielo anunciou na terça-feira, 23, que teve lucro líquido de 548,5 milhões de reais de janeiro a março, uma queda de 45 por cento ante mesma etapa do ano passado.
O resultado operacional da companhia controlada por Bradesco e Banco do Brasil, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de 820,7 milhões de reais de janeiro a março, queda de 34 por cento sobre um ano antes. A margem Ebitda despencou 15 por cento, para 29,6 por cento.
Embora o volume financeiro das transações processadas por meio de terminais da companhia tenha crescido 3 por cento ano a ano, para 155,78 bilhões de reais, a receita líquida caiu 0,4 por cento, para 2,77 bilhões de reais.
Os números são revelados no momento em que a concorrência no mercado de adquirência, que já vem pressionando a Cielo nos últimos anos diante da entrada de inúmeros novos concorrentes, teve uma guinada desde a semana passada, quando sua maior rival Rede, do Itaú Unibanco, zerou as taxas para antecipar o pagamento de recebíveis a lojistas. Safrapay e PagSeguro também anunciaram corte ou redução de taxas.
Essas iniciativas têm pesado em particular nas receitas da Cielo com antecipação de recebíveis, que no primeiro trimestre tiveram um declínio de 34,8 por cento, a 302 milhões de reais.
Em outra frente, os gastos totais da companhia subiram 22,4 por cento no comparativo anual, para 2,19 bilhões de reis, refletindo gastos maiores com marketing e com a contratação de equipe comercial para enfrentar a concorrência crescente.
Esse conjunto e a expectativa de analistas do setor de que a companhia seguirá como principal alvo da concorrência no setor têm castigado as ações da Cielo, que já perderam metade do valor nos últimos 12 meses.
Após ter passado anos se concentrado em grandes clientes, diante de uma concorrência mais agressiva das novas adquirentes pelos pequenos e médios clientes, a Cielo tem voltado mais recentemente a ampliar sua base de terminais, sob liderança do presidente-executivo Paulo Caffarelli, que assumiu o comando no final do ano passado.
Assim, a chamada base ativa de clientes fechou março com 1,211 milhão, alta de 5,7 por cento em um ano, enquanto a base ativa de terminais subiu 20,1 por cento, a 1,916 milhão.