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Slim prepara terreno para controlar a NET via Embratel

Enquanto lei que permite a propriedade estrangeira de empresas de TV tramita, Slim dá passo estratégico para comprar a NET

Embratel: compra de ações preferenciais da NET seria um investimento a longo prazo (.)

Embratel: compra de ações preferenciais da NET seria um investimento a longo prazo (.)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

São Paulo - Caso a Embratel seja bem-sucedida na compra das ações preferenciais da NET, nada mudará no dia-a-dia da operadora de TV por assinatura na prática. Mas o êxito tem um papel fundamental na estratégia de longo prazo do bilionário mexicano Carlos Slim, dono da Embratel e sócio da família Marinho na NET. Este seria o primeiro passo para, no futuro, Slim assumir o controle da NET.

Nesta quinta-feira (5/8), a Embratel surpreendeu o mercado ao lançar uma oferta pública de ações para arrematar as ações preferenciais em circulação. A proposta é de 23 reais por ação. Se todos os papéis forem comprados, a operação totalizará 4,6 bilhões de reais.

Como as ações preferenciais não garantem direito de voto a seus detentores, inicialmente, a iniciativa da Embratel seria apenas um investimento puramente econômico. No caso da NET, o controle está nas mãos da Globo, que detém 51% das ações ordinárias (com direito a voto). Já as empresas de Slim possuem as outras 49%.

Primeiro passo

Os analistas acreditam esse é o primeiro passo da Embratel para a compra do controle total da NET nos próximos anos. "Slim e a Globo devem ter feito um acordo para que a venda do controle seja realizada logo após a aprovação do projeto de lei conhecido como PL 29", afirma Evaldo Alves, professor de economia internacional da FGV.

O PL 29 elimina as restrições à propriedade estrangeira em empresas de TV a cabo. Seria o sinal verde para que Slim concluísse, no Brasil, a reestruturação dos ativos de telecomunicações que possui no mundo. Outro passo seria a fusão da Embratel com a operadora de telefonia móvel Claro.

Mas, como sempre, contar com a boa vontade dos parlamentares é arriscado. Ninguém acredita que a aprovação da lei seja rápida. "Isso deve demorar, no mínimo, dois anos", afirma Alves. Para o professor, a incerteza quanto à aprovação ou, pelo menos, a lentidão com que ela virá, é o principal motivo para que a Embratel esteja oferecendo um preço abaixo do estimado pelos analistas para os papéis da NET.

A corretora Brascan, por exemplo, calcula que o preço ofertado representa um prêmio de 15,1% sobre o fechamento desta quarta-feira (4/8). Apesar disso, a analista Beatriz Battelli, que assina o relatório, afirma que o valor está bem abaixo do preço-alvo de 29,57 reais.

Concorrência

De qualquer modo, Slim está se antecipando à aprovação do PL 29 por um motivo estratégico - quanto mais o mercado sentir que a lei será aprovada, maior é a possibilidade de os ativos de TV por assinatura aumentarem de preço. Além disso, a lei abrirá mercado também a concorrentes do mexicano. Posicionar-se bem na NET, agora, é uma questão de sobrevivência.

Segundo Beatriz, da Brascan, com a aprovação do projeto, outras companhias de telecom devem entrar no mercado de TV por assinatura. "Isso poderá impactar negativamente as margens da Embratel e a expectativa de crescimento da base de assinantes para os próximos anos", afirma em relatório.

Para a área de análise da corretora Planner, apesar do preço oferecido estar abaixo da avaliação de mercado, a adesão dos acionistas deve ser grande. A corretora lembra que, desde janeiro, as ações da NET acumulam uma desvalorização de 18%. Mas, para os planos de longo prazo de Slim, uma empresa com papéis em baixa nunca esteve tão em alta.
 

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