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Sindicatos e entidades lançam campanha contra venda de estatais

Com o slogan "Eu não vendo o meu país", sindicalistas pretendem mobilizar a população em defesa de empresas como a Eletrobras e a Casa da Moeda

Eletrobras: a empresa é responsável por um terço do total da geração de energia no país (Nadia Sussman/Bloomberg)

Eletrobras: a empresa é responsável por um terço do total da geração de energia no país (Nadia Sussman/Bloomberg)

AB

Agência Brasil

Publicado em 11 de setembro de 2017 às 21h49.

As medidas de ajuste na economia anunciadas pelo governo, que incluem a venda de estatais e ativos públicos, estão sendo questionadas por sindicatos e entidades de classe em uma campanha nacional sobre o assunto.

Com o slogan "Eu não vendo o meu país", sindicalistas pretendem mobilizar a população em defesa das empresas anunciadas como candidatas à venda, incluindo Eletrobras e Casa da Moeda.

A campanha foi apresentada nesta segunda-feira (11), em entrevista coletiva na sede do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro).

Participaram representantes de dezenas de sindicatos e entidades de classe. Para a diretora do Sindipetro Natália Lopes, o objetivo é unificar as forças populares e questionar o processo de venda de ativos públicos.

"A campanha visa unificar o discurso entre todas as estatais e os serviços públicos que poderão ser vendidos em nosso país", disse Natália.

Também contra a venda das empresas, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Casa da Moeda, Aluizio Júnior, destacou que pouquíssimos países abrem mão da fabricação de seu meio circulante.

"No G20 [grupo das maiores economias do mundo, do qual o Brasil faz parte], apenas dois países não produzem o próprio dinheiro. As cédulas em papel são especialmente importantes para a população mais pobre, que não tem acesso a contas em banco nem cartões de crédito."

O vice-presidente da Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), economista Arthur Kobliz, defendeu a manutenção do investimento público como motor principal da economia.

"Os países que mais crescem no mundo, incluindo os do leste asiático, usaram pesadamente seus bancos de desenvolvimento", ressaltou Kobliz.

Para o diretor da Associação dos Funcionários de Furnas, Felipe Araújo, uma estatal não visa somente ao lucro financeiro, mas também ao ganho social.

Segundo Araújo, se houver venda do Sistema Eletrobrás, haverá aumento de tarifas aos consumidores finais, incluindo comércio e indústria, que repassarão a diferença aos preços.

Com 47 usinas hidrelétricas, 114 termelétricas, duas termonucleares, 69 usinas eólicas e uma solar, a Eletrobras é responsável por um terço do total da geração de energia no país. Também é a maior empresa de transmissão de energia, com quase metade das linhas de transmissão do Brasil.

A campanha será apresentada no Congresso Nacional vna próxima quarta-feira (11), em um ato no Auditório Nereu Ramos, no Anexo 2 da Câmara dos Deputados.

Governo

Os motivos alegados pelo governo federal para anunciar a disposição de vender parte de ativos e empresas públicas são reduzir o déficit público e dar mais agilidade às empresas, favorecendo, em última instância o consumidor.

Com a meta de melhorar o caixa da União e estimular a economia, o governo decidiu colocar à disposição da iniciativa privada a administração de 14 aeroportos, 11 lotes de linhas de transmissão e 15 terminais portuários, além de parte da Eletrobrás.

Com a medida, o governo espera arrecadar cerca de R$ 44 bilhões ao longo dos anos de vigência dos contratos.

O Conselho do Programa de Parcerias de Investimento (PPI) decidiu incluir no programa de desestatização rodovias, a Casa da Moeda, a Lotex e a Companhia Docas do Espírito. Ao todo, são 57 projetos de venda de empresas e parcerias público privada.

 

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