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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - As siderúrgicas no Brasil estão negociando com distribuidores altas de até 10 por cento nos preços de aço para implementação a partir de julho, afirmou o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro.
Após um aumento de preços no segundo trimestre de cerca de 10 por cento, as siderúrgicas locais estão conversando com distribuidores para uma nova rodada de reajustes. As usinas buscam equilibrar seus custos devido à duplicação do valor do minério de ferro no início do ano.
"As usinas estão falando, discutindo, mas não implementaram ainda. Se fala de 3 a 10 por cento, dependendo de produto, da usina", afirmou Loureiro à Reuters, por telefone, no final da terça-feira.
O setor vive uma queda de braço em relação aos preços diante do avanço expressivo das importações nos últimos meses.
Segundo Loureiro, o reajuste de 10 por cento pretendido pelas usinas seria voltado a produtos zincados e laminados a frio, enquanto os 3 por cento para chapas grossas.
Números do governo indicam que as importações de aço pelo Brasil dispararam duas vezes e meia de janeiro a maio em relação ao mesmo período do ano passado. A indústria e distribuidores nacionais importaram cerca de 2,3 milhões de toneladas em meio a um movimento interno de recomposição de estoques e retomada de produção no exterior, após a crise financeira global.
Segundo Loureiro, cuja entidade representa distribuidores de aços planos responsáveis por cerca 35 por cento das vendas das usinas brasileiras, os estoques na rede de distribuição subiram de um volume equivalente a 2,1 meses de vendas em março para 3,3 meses em maio. A relação considerada ideal pelo setor é de 2,5 meses de vendas, com média histórica de 2,7 meses.
"Tem muito material barato importado segurando o movimento (de reajuste de preços) das usinas", disse Loureiro. "No momento em que esses aumentos acontecerem, existe razoável chance de crescer importação."
Em 2008, o volume de aço importado representou 6,7 por cento do consumo aparente brasileiro, avançando para 12,8 por cento em 2009 e a 21,5 por cento nos primeiros cinco meses de 2010, conforme dados do Inda.
Tarifas
Para conter um eventual reajuste de preços de aço no Brasil, o governo tem ameaçado reduzir tarifas sobre aço importado, atualmente em cerca de 12 por cento. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) acelerou fortemente na leitura inicial de junho, pressionada pela alta do preço do minério de ferro.
Para Loureiro, contudo, uma redução nas tarifas de importação desestimularia investimentos das usinas do país. "A longo prazo, a queda de imposto é ruim para a siderurgia local. Depender de importação não é muito bom, pois o preço lá fora é muito mais volátil", alertou o presidente do Inda.
"O mercado já foi encontrar na importação o balanceamento, não precisa tirar o imposto, não tem lógica econômica para a política industrial brasileira deixar a siderurgia completamente desprotegida enquanto se protege outros setores", acrescentou, citando incentivos fiscais dados recentemente às montadoras de veículos.
Segundo ele, os preços de aço laminado no mercado interno estão cerca de 15 por cento mais caros que no exterior ante um quadro de equilíbrio no final de abril.
"De lá para cá, os preços no exterior caíram. Se além disso as usinas fizerem um aumento agora, vai criar de novo uma janela de oportunidade para o pessoal voltar a importar bastante."
O Inda prevê aumento nas vendas de aço no segundo semestre por seus associados em relação aos primeiros seis meses de 2010 e à segunda metade de 2009. Para o ano como um todo, a previsão do Inda é de aumento de 20 por cento no caso de laminados, para 4,9 milhões de toneladas. "Mas vemos agora que esse crescimento pode ser de cerca de 25 por cento", afirmou Loureiro.