Negócios

Shoppings perdem uma década com a crise no Brasil

O faturamento dos shoppings chegou a 128,8 bilhões de reais em 2020, queda de 33,2%; região sudeste foi a que mais sofreu com a pandemia

Shopping Morumbi: Muitos empreendimentos criaram aplicativos e plataformas de marketplace para incluir os lojistas nas vendas online (Germano Lüders/Exame)

Shopping Morumbi: Muitos empreendimentos criaram aplicativos e plataformas de marketplace para incluir os lojistas nas vendas online (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 14h48.

Os shoppings brasileiros sentiram um baque com a pandemia e retrocederam a números de uma década atrás. A queda nas vendas e no público deve demorar pelo menos dois a três anos para ser recuperada completamente. 

O faturamento dos shoppings chegou a 128,8 bilhões de reais em 2020, queda de 33,2% em relação ao ano anterior e um número próximo das vendas obtidas em 2009, de acordo com levantamento feito pela Abrasce ( Associação Brasileira de Shopping Centers). Já o número de visitas chegou a 341 milhões no ano, um valor próximo ao visto em 2010. Desde 2017, o setor crescia acima do PIB e a perspectiva era de alta de 7% em 2020. Agora, para 2021, a expectativa é de alta de 9,5% nas vendas em cima de 2020. "Devemos recuperar a queda nos próximos dois a três anos se o setor crescer de 10 a 12%, como é possível", afirma Glauco Humai, presidente da Abrasce.

Há 601 shoppings em operação no Brasil, ante 577 ao final do ano anterior. Apesar da crise, sete novos empreendimentos foram inaugurados no ano passado e 17 shoppings foram reconhecidos e passaram a fazer parte do levantamento da Abrasce. Mais que a metade, ou 313, estão na região Sudeste, a que mais perdeu vendas no ano, com queda de 35,1% em relação ao ano passado. 

A área bruta locável, a área disponível para ser alugada para lojas, cresceu 1,3% no ano, para quase 17 milhões de metros quadrados - ou 2.380 campos de futebol. Todo esse espaço é dividido para 110 mil lojas, a maior parte para venda de itens de moda. Cerca de 39,5% das lojas são de vestuário e 14,6% de calçados. 

Apesar do crescimento da área disponível, muitas lojas fecharam com a crise. No ano passado, a vacância chegou a 9,3%, mais que o dobro da registrada na média dos anos anteriores. "Negociamos pagamento do aluguel e do condomínio com os lojistas. Em nenhum país do mundo os shoppings disponibilizaram um recurso tão grande aos lojistas e abriram mão de tanta receita. A parceria com o lojista é de longo prazo, mas a gente entende que em alguns casos não foi possível manter a loja aberta", diz Humai. 

Operação digital

Para tentar compensar a queda nas vendas e no número de visitantes, muitos empreendimentos criaram aplicativos e plataformas de marketplace para incluir os lojistas no mundo das vendas online. No final do ano, 41% dos shoppings tinham um aplicativo próprio, ante 36% há um ano. Além disso, 29% deles têm uma plataforma de marketplace - esse número era de 11% em 2019. 59% dizem planejar criar um marketplace nos próximos dois anos.

Entregas pelo drive thru no estacionamento e parcerias com plataformas de delivery também foram estratégias usadas pelos lojistas. A Abrasce afirma não saber qual a participação das vendas online para os lojistas, mas que, mais importante que esse número é a experiência de omnicanalidade, afirma o presidente da entidade.

Acompanhe tudo sobre:LojasShopping centersVarejoVendas

Mais de Negócios

Esta startup capta R$ 4 milhões para ajudar o varejo a parar de perder dinheiro

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados

30 franquias baratas a partir de R$ 4.900 com desconto na Black Friday

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões