Sheryl Sandberg: A diretora de operações do Facebook discursou para recém-formados da UC Berkeley (Wikimedia Commons)
Karin Salomão
Publicado em 14 de maio de 2016 às 22h13.
São Paulo - Discursos de formatura costumam ser alegres, festivos e emocionantes. Mas Sheryl Sandberg surpreendeu ao falar publicamente sobre a morte de seu marido pela primeira vez.
A diretora de operações do Facebook discursou para recém-formados da UC Berkeley, universidade na Califórnia, pouco mais de um ano depois do falecimento de Dave Goldberg, CEO do site SurveyMonkey, por conta de um súbito ataque cardíaco.
Sandberg disse aos formandos que não estava lá para “falar sobre as coisas que aprendi na vida. Hoje, vou tentar dizer a vocês o que aprendi na morte”. “É difícil e farei meu melhor para não assoar o nariz nessa linda veste de Berkeley”.
Ela já havia escrito uma carta, um mês depois do falecimento.
“A morte de Dave me mudou de maneiras muito intensas. Aprendi sobre a profundidade da tristeza e a brutalidade da perda. Mas também aprendi que quando a vida lhe suga para baixo, você pode chutar o fundo, quebrar a superfície e respirar novamente”, disse.
Ela contou que passou meses mergulhada no luto e no pesar, mas conseguiu se reerguer. Para ajudar os recém-formados a superarem suas próprias perdas e decepções, Sandberg mencionou o trabalho do psicólogo Martin Seligman.
Os três P’s, personalização, penetração e permanência, descritos por ele, são formas como as pessoas lidam com a dor e a perda. A reação correta pode ajudar as pessoas a serem ainda mais resilientes.
Em primeiro lugar, está a personalização, ou a crença de que somos culpados pelas adversidades da vida.
“Quando Dave morreu, tive uma reação muito comum de me culpar. Eu mergulhei em seus exames médicos me perguntando o que eu poderia ou deveria ter feito”, disse a número dois do Facebook.
Ela disse que só superou a morte do marido quando aprendeu que não era sua culpa e que não poderia ter evitado.
O segundo ponto, penetração ou onipresença, é acreditar que uma tragédia irá afetar todas as áreas da vida.
No caso de Sandberg, ela tentou voltar à sua rotina e ao trabalho o mais rápido possível - e encorajou que suas crianças fizessem o mesmo. Ao se concentrar nas reuniões no Facebook, ela conseguia esquecer o trauma por alguns momentos.
O terceiro ponto, permanência, é o sentimento de que a tristeza irá durar para sempre. “Deveríamos aceitar nossos sentimentos e reconhecer que não irão durar para sempre”, disse ela.
Ela também encorajou os alunos a serem mais fortes, a se expressarem quando discordam de algo e a construírem organizações e comunidades mais resistentes.
Abaixo está o vídeo de seu discurso, em inglês: