Funcionário da Shell com barril: grupo estabeleceu prazo até 2050 para reduzir em 65% a intensidade de carbono dos produtos vendidos a seus clientes (Andrey Rudakov/Bloomberg)
AFP
Publicado em 16 de abril de 2020 às 07h39.
Última atualização em 16 de abril de 2020 às 07h40.
A gigante anglo-holandesa do petróleo Royal Dutch Shell prometeu nesta quinta-feira que alcançará a neutralidade nas emissões de carbono em 2050, igualando assim o compromisso assumido pela concorrente BP.
"As expectativas da sociedade mudaram rapidamente no debate sobre a mudança climática. A Shell precisa agora ir mais longe em suas próprias ambições: por isto esperamos alcançar a neutralidade no mercado energético em 2050 ou antes. A sociedade e nossos consumidores não esperam menos", afirmou o CEO da empresa, Ben van Beurden, em um comunicado.
O executivo insiste que a Shell deve pensar a longo prazo, apesar do "desafio imediato" imposto pela pandemia do novo coronavírus, que derrubou os preços do petróleo, o que vai pesar nas contas da empresa e a obrigará a reduzir o valor dos investimentos.
A Shell não divulgou detalhes sobre a estratégia que a permitirá alcançar a neutralidade nas emissões de carbono, que afetará todas as suas atividades, incluindo a produção de petróleo e gás.
O grupo estabeleceu prazo até 2050 para reduzir em 65% a intensidade de carbono (a quantidade de gases do efeito estufa por cada unidade de energia produzida) dos produtos vendidos a seus clientes. Até o momento o objetivo do grupo era uma redução de 50%.
Recentemente, a Shell já havia anunciado um investimento para o período 2021-2025 de entre 2 a 3 bilhões de dólares ao ano, ou seja, 10% de seus investimentos, em energia limpa ou com pequeno impacto na produção de carbono.
Nesta quinta-feira, o grupo indicou que deseja concentrar-se nos mecanismos que permitam capturar o dióxido de carbono emitido. Mas advertiu que não poderá deixar de produzir energias fósseis porque "a empresa necessita".
Em fevereiro, a gigante britânica BP, rival da Shell, prometeu que alcançará a neutralidade de carbono em 2050, mas não detalhou como pretende alcançar a meta.
As grandes empresas de petróleo, uma das indústrias mais poluentes do planeta, enfrentam uma pressão cada vez maior da opinião pública e os movimentos ecologistas para que se envolvam na luta contra a mudança climática.