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Shein: app mais popular que o da Amazon e a pressão nos rivais da moda

Competitividade fiscal, 6.000 novas peças de roupas por dia e popularidade nas redes sociais; saiba o que está por trás do sucesso da varejista chinesa de moda Shein

Shein: varejista chinesa de moda faz sucesso no Brasil (Shein/Facebook/Reprodução)

Shein: varejista chinesa de moda faz sucesso no Brasil (Shein/Facebook/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 08h00.

Última atualização em 22 de julho de 2022 às 16h23.

A chinesa varejista de roupas Shein (se pronuncia She In) tem dado trabalho para outros grandes nomes do setor de moda. Isto porque a empresa fundada por Chris Xu, em 2008, cresce no ocidente ao promover um negócio que permite comercializar cerca de 6.000 novos modelos por dia em plataformas digitais próprias, como site e aplicativo. Com isto, a Shein registrou faturamento global de cerca de 56,1 bilhões de reais em 2020, segundo a plataforma de análise CB Insights, enquanto o grupo Inditex (dono da Zara), por exemplo, teve 127 bilhões de reais em receita no mesmo período.

Um dos fatores para o sucesso das roupas da Shein é preço. Nos Estados Unidos, o preço médio dos mais de 600.000 produtos disponíveis é de 7,90 dólares, valor que compete, por vezes, apenas com a Forever 21. A baixa taxa de entrega, a depender da localização do consumidor, também é vantagem para a companhia que vende para 150 países. Para o Brasil, por exemplo, uma promoção anunciada para 12 de dezembro oferece frete grátis para compras acima de 49 reais.

Além disso, a presença digital ganhou força na pandemia da covid-19, quando as pessoas passam ainda mais tempo em frente as telas. Neste cenário, com o crescimento de plataformas chinesas como o TikTok, a Shein ganhou espaço entre jovens da geração Z que fazem vídeos curtos mostrando como diferentes roupas vestem no seu corpo. Esta ideia também é seguida no site, uma vez que os consumidores deixam as avaliações das roupas com fotos inclusas, num modelo semelhante ao que se vê em outros sites chineses, como o AliExpress.

Além disso, o que chama atenção dos consumidores é o sortimento de produtos. As roupas são para diferentes momentos, que vão de praia a casamento, mas há também a venda de acessórios, eletrônicos, brinquedos para pets e mais.

O conjunto de fatores faz com que a Shein, segundp um estudo global da plataforma de otimização de marketing Liftoff, a tenha sido o app de vendas mais baixado do mundo em junho deste ano, na frente de varejistas como Amazon e Ikea. O sucesso do app se deu principalmente nos Estados Unidos e Brasil, países que respondem, cada um, por 15% dos downloads.

Agilidade

Apesar de reafirmar a qualidade e responsabilidade social dos produtos, pouco se sabe sobre os reais processos de produção da Shein, não havendo certificações ou relatórios de sustentabilidade disponíveis.

Segundo a marca, os produtos são feitos em pequena escala, de 50 a 100 itens, para que a matéria prima não seja desperdiçada e a escala aconteça somente quando há maior demanda. O gerenciamento disto é feito por meio de um software que conecta os fornecedores para que eles descontinuem peças que não estão indo bem, o que permite agilidade na renovação do portfólio.

Para o Financial Times, George Chiao, chefe das operações da empresa nos Estados Unidos, diz que é importante lembrar que a empresa levou 10 anos para construir essas cadeias de abastecimento porque a maioria dos fornecedores não quer vender apenas 100 peças. Segundo ele, as mudanças na forma de pagamento de 90 para 30 dias foi um fator decisivo no convencimento.

Contudo, esclarecimentos como esse não isenta a Shein das polêmicas. Nos últimos meses, a empresa foi acusada de plágio em estampas ou mesmo de vender um pingente de suástica. Nestes casos, os produtos foram retirados do ar, seguidos de pedidos de desculpas.

Competitividade

Segundo analistas do mercado estadunidense, os baixos preços e a competitividade da Shein ocorre também pelo modelo de operação mais forte em outros países do que na própria China, fazendo com que a empresa foque em exportações e tenha vantagens fiscais.

Isto se dá porque os preços dos pacotes individuais enviados aos clientes acaba ficando a baixo daqueles que podem ter taxas. Exportações para os Estados Unidos, por exemplo, costumam ser taxadas quando acima de 800 dólares. A companhia ainda tem descontos de envio por países em desenvolvimento

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