Plataforma petrolífera da Petrobras em alto mar (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2012 às 13h39.
São Paulo - A Sete Brasil, empresa que recebeu na quinta-feira encomendas de afretamento de 21 sondas da Petrobras, avaliadas em cerca de 60 bilhões de dólares, ainda ofereceu um desconto à estatal para levar o pacote bilionário, disse um executivo da companhia nesta sexta-feira.
A empresa, constituída por fundos de pensão, bancos de investimento e com participação da própria Petrobras (10 por cento do capital), ganhou a licitação após ter oferecido um desconto de 8,5 por cento para a estatal, que fez um contrato de 15 anos com a Sete Brasil.
Além das 21 sondas da licitação anunciada na quinta-feira , a Sete Brasil já tinha encomendas fechadas para construir outros sete equipamentos de perfuração para a Petrobras. Ao todo, a empresa tem um portfólio de 30 sondas -duas planejadas para funcionarem como back-up, para o caso de haver atrasos na construção.
"Com esse contrato, a Sete Brasil se tornará a primeira colocada no mundo em contratos de afretamento, com 30 sondas de perfuração em seu portfólio. É a maior frota de sondas dessa categoria (de águas profundas) do mundo", disse a jornalistas o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz.
Em uma das maiores licitações realizadas no mundo, a Petrobras contratou na quinta-feira 26 sondas de perfuração, sendo 21 da Sete Brasil, por um valor da ordem de 76 bilhões de dólares, com o objetivo de impulsionar a exploração do petróleo no Brasil, especialmente as gigantes reservas do pré-sal.
O contrato de afretamento das 21 sondas da licitação anunciada na quinta-feira foi fechado por 530 mil dólares/dia, mas esse valor já com um desconto de 45 mil dólares/dia sobre o preço inicial, segundo Ferraz.
De acordo com o executivo, o preço fechado ficou em linha com o mercado internacional, apesar de críticos do uso de conteúdo nacional dizerem que é caro construir equipamentos de exploração de petróleo no Brasil.
A média de conteúdo nacional para a construção das 30 sondas será de 62 por cento.
Ao todo, a Sete Brasil deverá pagar pagar 27 bilhões de dólares para a construção das 30 sondas, ao passo que seus contratos com a Petrobras, para 28 equipamentos, somam aproximadamente 75 bilhões de dólares.
A primeira encomenda foi fechada em junho de 2011, um total de sete sondas para serem construídas pelo estaleiro Atlântico Sul.
Construção
A Sete Brasil deverá assinar na próxima semana os contratos com os estaleiros que deverão construir as sondas, segundo nota divulgada pela empresa antes de conferência de imprensa.
Com a OSX, do grupo do empresário Eike Batista, a Sete Brasil negocia a construção de duas sondas; com a Keppel Fels, seis sondas; com Rio Grande 2, três sondas; com Jurong Aracruz, seis sondas; e com Enseada do Paraguaçu, outros seis equipamentos.
Pelo modelo de negócios da Sete Brasil, a empresa contrata junto aos estaleiros a construção das sondas e se associa aos operadores, alugando o pacote completo às petrolíferas.
"Os estaleiros são nossos fornecedores, as sondas serão de propriedade da Sete em parceria com algum operador", explicou Ferraz.
Para operar as 21 sondas, a companhia deve se associar a Odebrecht, Queiroz Galvão, Sea Drill, Petroserv, Odfjell e Etesco.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve financiar 50 por cento da construção das 30 sondas. Outros 6,5 bilhões de dólares virão de capital próprio dos sócios da empresa e outros 7 bilhões de dólares de bancos privados e de bancos de fomento da Noruega e Estados Unidos, segundo o executivo.
Aliás, os contratos fechados na quinta-feira preveem a possibilidade de redução de preços para a Petrobras, dependendo das condições de financiamento oferecidas pelo BNDES aos equipamentos de perfuração.
A expectativa da Petrobras é de que o contrato com a Sete Brasil possa ser reduzido para até 500 mil dólares/dia.