Energia eólica: conclusão do negócio depende de aval da Aneel, uma vez que empreendimentos estão sob ameaça de serem cancelados pelo regulador (GERMANO LUDERS/Exame)
Reuters
Publicado em 25 de maio de 2018 às 18h24.
Última atualização em 28 de maio de 2018 às 14h04.
São Paulo - A Sequoia Energia apresentou uma proposta vinculante por parques eólicos da Energimp que não saíram do papel e que demandariam cerca de 1 bilhão de reais em investimentos para serem implementados, disse à Reuters um diretor da empresa, que desenvolve projetos de geração e mais recentemente começou a investir na construção de usinas.
A oferta vem em meio a uma crise financeira da Energimp, uma sociedade entre o fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS) e a fornecedora argentina de equipamentos eólicos Impsa, que passou a sofrer dificuldades após a unidade da fabricante no Brasil entrar com um pedido de recuperação judicial.
"A gente quer construir os projetos, implantar, até porque eles não têm condição financeira. Utilizaríamos recursos próprios e de terceiros. Estamos em negociação final com o BTG Pactual (para o financiamento)", disse à Reuters o diretor de novos negócios da Sequoia, Marcio Attie.
Os projetos no radar da empresa, Ceará II e Ceará IV, somam cerca de 200 megawatts em capacidade, cuja energia já foi vendida em leilões promovidos pelo governo.
A conclusão do negócio, no entanto, depende de um aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma vez que a Energimp não cumpriu o cronograma dos empreendimentos, que estão sob ameaça de serem cancelados pelo regulador.
"Depende essencialmente da Aneel... mas estamos avançando, eles são de altíssimo nível", disse Attie, que participou de uma reunião nesta semana com o diretor-geral da agência, Romeu Rufino.
Segundo o executivo, a Sequoia já possui um pré-acerto com a catarinense WEG, que seria a fabricante das turbinas eólicas para as usinas caso o acordo com a Energimp avance.
A Sequoia Energia é um braço da Sequoia Capital, holding de investimentos criada em 1996 que passou a investir no setor de eletricidade em 2002.
Inicialmente, a empresa desenvolvia projetos que posteriormente foram vendidos para terceiros, mas mais recentemente passou a apostar na construção de empreendimentos.
A empresa fechou no ano passado a compra de três projetos solares na Paraíba e em Pernambuco que somam cerca de 90 megawatts em capacidade e devem demandar cerca de 450 milhões de reais em investimentos.
A implementação dessas usinas será feita com financiamento do Banco do Nordeste Brasileiro (BNB), segundo Attie.
Ele disse que a companhia enxerga a possibilidade de gerar valor com essas aquisições principalmente devido aos baixos preços nos mais recentes leilões do governo federal para novos projetos de geração.
Licitações no final do ano passado e em abril deste ano registraram os menores preços da história para a venda da produção futura de usinas eólicas e solares no país.