Tema costuma gerar debates acalorados, mas fatos podem apaziguar os ânimos (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2018 às 06h52.
Última atualização em 11 de junho de 2018 às 12h45.
Uma nova semana, uma nova greve. Os funcionários da Eletrobras param por 72 horas a partir desta segunda-feira com uma ampla pauta de demandas que inclui o fim dos projetos de privatização da estatal e de suas distribuidoras e a saída do presidente, Wilson Ferreira Jr.
Uma greve dos petroleiros no fim de maio também pediu pela saída do então presidente da Petrobras, Pedro Parente. Parente acabou de fato deixando o cargo, mas por conta de uma queda de braço com o governo. Desta vez, os funcionários da Eletrobras têm pouca chance de sucesso, mas ainda assim sua parada pode causar complicações à empresa.
Neste domingo, o ministro Maurício Godinho Delgado, do Tribunal Superior do Trabalho, rejeitou um pedido da companhia de declarar a paralisação ilegal, mas afirmou que os grevistas precisarão manter 75% do efetivo em todos os setores da companhia para não impactar geração, transmissão e distribuição de energia.
A paralisação pega a Eletrobras num momento especialmente difícil, já que a companhia perdeu 37% de seu valor de mercado nos últimos 30 dias com a crescente insegurança no país e a fragilidade do governo, que dificulta cada vez mais qualquer privatização de seis distribuidoras previstas para 2018.
A fragilidade só cresce. Pesquisas do instituto Datafolha mostram que a rejeição a Michel Temer chegou a 82% e que 72% dos brasileiros acreditam que situação no país piorou nos últimos meses.
Os novos números e a nova greve devem dar ainda mais combustível para caminhoneiros e produtores rurais pressionarem o governo numa nova rodada de negociações sobre a tabela do frete, prevista para as 9h desta segunda-feira. Os caminhoneiros ameaçam até com uma nova paralisação. A Agência Nacional de Transportes Terrestres afirma estar empenhada numa solução que “harmonize os interesses de produtores, transportadores e sociedade”.
Com o governo cada dia mais longe dos brasileiros, difícil encontrar soluções que de fato contente a “sociedade” e não os mais variados grupos de interesse.