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Semana do Brasil, Black Friday do governo, tem descontos de 3 mil empresas

Organizada às pressas, nova data de compras tem o desafio de engajar consumidor e se desvincular da imagem do governo Jair Bolsonaro

Varejo: assim como a Black Friday, que começou em 2010, “Semana do Brasil” tenta virar parte do calendário de compras brasileiro (Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil)

Varejo: assim como a Black Friday, que começou em 2010, “Semana do Brasil” tenta virar parte do calendário de compras brasileiro (Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 06h31.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 14h17.

São Paulo — Com mais de dois meses até a Black Friday e o Natal, o governo e o varejo tentam emplacar uma nova data de compras. Começa nesta sexta-feira 6 e vai até o próximo domingo 15 a chamada “Semana do Brasil”, em que mais de 3.000 empresas de diferentes setores vão oferecer promoções, descontos e benefícios aos consumidores.

A semana foi idealizada não pelo setor privado, mas pelo secretário especial de Comunicação Social do governo federal, Fábio Wajngarten. As empresas chegaram depois, encabeçadas pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reúne grandes varejistas nacionais. A ideia é que a data, que remete à independência do Brasil em 7 de setembro, estimule o consumo em um período de limbo no varejo, que sofre entre o dia dos pais em agosto e o fim do ano.

As ações serão das mais variadas. Há varejistas anunciando descontos de 70%, enquanto bancos prometem boas condições de renegociação de dívidas e há até mesmo incorporadoras oferecendo condomínio grátis o ano todo para compras feitas na semana.

Os organizadores não estimam quanto de aumento nas vendas a Semana do Brasil deve gerar, mas não se pode dizer que a ação acontece nas melhores condições econômicas.

Apesar da aprovação da reforma da Previdência perto de acontecer e da sinalização da reforma tributária, o segundo semestre ainda não engrenou como se esperava, puxado por más notícias do exterior, como a indefinição nas eleições argentinas e a guerra comercial China-EUA. “As perspectivas de curto prazo seguem ruins e o desemprego é alto, o que pode desestimular o consumidor”, diz o economista-chefe da consultoria MB Associados e colunista de EXAME, Sergio Vale. “É mais possível uma divisão das compras que seriam feitas no fim do ano do que novas compras.”

A expectativa era também que a possibilidade de retirar 500 reais do Fundo de Garantia (FGTS) incentivasse o consumo. Mas com valor do saque considerado baixo, foco dos brasileiros no pagamento de dívidas e primeiros saques liberados só em 13 de setembro, a medida não deve impactar a semana de promoções.

Outro desafio foi o pouco tempo de organização. Segundo EXAME apurou, as tratativas para a semana chegaram ao setor privado somente no fim de julho, deixando apenas um mês para que as empresas pudessem planejar a divulgação aos clientes e negociar descontos com fornecedores. Há ainda uma preocupação de que a data tenha ficado muito atrelada ao governo do presidente Jair Bolsonaro, o que pode afastar parte dos consumidores.

Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da consultoria GS& Gouvêa de Souza e conselheiro do IDV, organizador da ação, aponta que o “problema crônico” é a confiança do consumidor. “A Semana do Brasil pode ajudar nisso, porque a essência do varejo é criar excitação para as pessoas se disporem a comprar”, diz.

É difícil prever se a data vai “pegar” e entrar para o calendário nacional de compras, como fez a Black Friday, importada dos EUA e que transformou o até então fraco mês de novembro em uma temporada esperada no varejo (em 2018, a data movimentou mais de 3 bilhões de reais). O desafio vai ser fazer o consumidor, literalmente, comprar a ideia.

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