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Sem sócio chinês, JAC Motors corta planos para o Brasil

Chineses desistiram de investir na fábrica na Bahia com a crise do setor automotivo e grupo brasileiro será o único responsável pelo empreendimento


	JAC T5: Chineses desistiram de investir na fábrica na Bahia com a crise do setor automotivo
 (Divulgação)

JAC T5: Chineses desistiram de investir na fábrica na Bahia com a crise do setor automotivo (Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 08h26.

São Paulo - Quatro anos depois que a pedra inaugural da fábrica da JAC Motors no Brasil foi colocada, ela ainda não começou a ser construída.

Agora, para retomar o projeto, o investimento foi cortado para um quinto do que tinha sido planejado, assim como a capacidade de produção.

Além disso, o grupo brasileiro SHC, que era sócio minoritário no empreendimento ao lado da sede da montadora, irá levar sozinho o projeto adiante depois da desistência da empresa na China.

A redução do investimento e a mudança societária da futura fábrica foram necessárias para que o projeto saísse do papel, afirma Eduardo Pincigher, diretor de assuntos corporativos da JAC Motors no Brasil.

Ele garante que a produção de carros em Camaçari, na Bahia, deverá começar até o início de 2017.

Sonhos reduzidos

Quando a planta da JAC Motors foi idealizada, em 2011, ela teria capacidade para 100 mil veículos e receberia um investimento de cerca de 1 bilhão de reais.

Esse planejamento havia sido feito depois de mais de uma década de crescimento contínuo do mercado automotivo brasileiro. Otimistas, eles projetaram que, em 2015, cerca de 5 milhões de carros novos seriam vendidos todos os anos.

“Não havia motivo para acreditar que esse ciclo virtuoso seria cortado”, diz Pincigher.

No entanto, a realidade se mostrou bastante diferente. Em 2015, o número de novos carros emplacados foi de 2,12 milhões, queda de 24% em relação ao ano anterior, segundo dados da Fenabrave

Esse foi um dos motivos que levou a JAC Motors a diminuir os investimentos para 200 milhões de reais. A capacidade de produção, agora, será de apenas 20 mil carros. Em 2015, a JAC Motors vendeu cerca de 4.800 carros no Brasil, todos importados.

Enquanto o valor investido e a capacidade total da fábrica caíram, o preço do modelo que será fabricado lá subiu. O valor, inicialmente, seria entre 50.000 e 60.000 reais. Agora, a empresa irá fabricar o modelo T5, que custará entre 60.000 e 72.000.

“Como perdemos receitas com a diminuição da escala, precisamos ganhar mais com cada unidade”, diz Pincigher.

Atrasos e demoras

A pedra inaugural da fábrica foi colocada em 2012 em um terreno em Camaçari, na Bahia. Desde então, a JAC Motors não acrescentou nenhum tijolo ao primeiro.

Segundo Pincigher, inúmeros motivos levaram ao atraso de 5 anos para o início da construção da fábrica. A terraplanagem do terreno atrasou por conta de chuvas e ocorreu um atraso na liberação de verba do governo estadual na Bahia para a construção, entre outros obstáculos.

Com objetivo de começar a fabricar já em 2017, a companhia ainda precisa decidir que peças serão importadas ou produzidas localmente e quantos funcionários irão trabalhar na nova fábrica. O fluxo de produção também não está esquematizado.

Relacionamento Brasil–China

O relacionamento entre o grupo SHC, distribuidor da JAC Motors no Brasil do empresário Sérgio Habib, e a empresa chinesa também mudou de figura desde então.

Inicialmente, os chineses teriam participação de 66% tanto no investimento quanto de participação da fábrica, enquanto o grupo SHC ficaria com os 34% restantes.

No entanto, o atraso no início da construção e a crise no setor automotivo brasileiro levaram a companhia chinesa a reavaliar sua participação.

Uma vez que a JAC Motors é estatal, as decisões correm de maneira um pouco mais lenta nos corredores da empresa na China. Por isso, decidir sobre mudar o tamanho do investimento, que veículos seriam produzidos e qual a nova configuração societária demoraria ainda mais tempo, diz Pincigher.

Então, a empresa chinesa decidiu abandonar a construção em outubro de 2015. O grupo SHC irá realizar todo o investimento, sendo o único acionista do empreendimento.

Para ajudar o grupo brasileiro, a sede chinesa irá fornecer tecnologias e informações sobre processos de fabricação. 

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