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Sem sócio brasileiro, fábrica da Foxconn empaca

As negociações pararam e nem o governo acredita mais na concretização do mega investimento


	Fachada da Foxconn: a construção da fábrica de telas no país foi o primeiro grande anúncio do governo Dilma
 (Reuters)

Fachada da Foxconn: a construção da fábrica de telas no país foi o primeiro grande anúncio do governo Dilma (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2014 às 10h05.

Brasília - A construção da fábrica de telas para celulares, TVs e computadores da taiwanesa Foxconn no Brasil empacou depois que a companhia desistiu de buscar um sócio brasileiro para o projeto. Segundo o governo informou à época do anúncio, em 2011, o investimento chegaria a US$ 12 bilhões.

Para sair do impasse gerado pela falta de um parceiro brasileiro, a saída seria aumentar a participação acionária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para mais de 30%. Mas o banco não aceita ultrapassar o limite estabelecido em sua política para o BNDESPar, seu braço de participações acionárias.

Além do apoio fundamental do BNDES, a equipe econômica do governo contava com a sociedade de um grande empresário brasileiro - chegou-se a falar em Eike Batista, antes da crise. Sem sócio, as negociações pararam e nem o governo acredita mais na concretização do mega investimento.

Visita à China

A construção da fábrica de telas no País foi o primeiro grande anúncio do governo Dilma Rousseff, feito em fevereiro de 2011, logo após a posse, durante visita da presidente à China.

O então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, chegou a divulgar, depois de se reunir com Terry Gou, fundador da Hon Hai, controladora da Foxconn, que a taiwanesa investiria US$ 12 bilhões no período de quatro a seis anos.

A ideia, segundo o ministro, era construir um complexo industrial que empregaria até 100 mil pessoas no Estado de São Paulo.

O desenho do negócio apontava para uma primeira etapa do investimento de US$ 4 bilhões, dos quais 30% (US$ 1,2 bilhão) seriam bancados pelo BNDES e US$ 500 milhões por Eike. Além de procurar mais sócios, o governo tentou convencer Terry Gou a entrar com capital, além da tecnologia.

O Palácio do Planalto tinha tanta certeza do negócio que Mercadante chegou a divulgar um cronograma: de 2011 a 2013, a companhia fabricaria telas para celulares e tablets e, a partir deste ano, telas para Tvs.

De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a empresa taiwanesa investiu, desde 2005, aproximadamente R$ 1 bilhão, tendo gerado 7 mil postos de trabalho. A Foxconn tem hoje três unidades no País. Em Manaus e Indaiatuba, monta celulares. Em Jundiaí, monta smartphones e fabrica notebooks, computadores e periféricos.

Conjuntura

O jornal O Estado de S. Paulo perguntou ao ministro Aloizio Mercadante, porta-voz do anúncio, quais empecilhos travaram as negociações para a construção da fábrica de telas da Foxconn no Brasil.

A assessoria de imprensa da Casa Civil, hoje ocupada por Mercadante, informou que a posição do ministro-chefe estaria contemplada na resposta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). "Em relação à construção de unidade de fabricação de telas, o investimento previsto não foi realizado até o momento, devido à conjuntura internacional e pelo fato de a empresa não ter conseguido um sócio nacional", disse o ministério.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação afirmou, ainda, ter informações de que a Foxconn estuda fazer novos investimentos e abrir novas unidades no Brasil. Os projetos, entretanto, não teriam relação com construção da fábrica de telas. A empresa, segundo o ministério, poderia confirmar a informação. Procurada, a Foxconn disse que não se pronunciaria.

BNDES

A reportagem apurou que alguns desses projetos esperam aprovação de aportes do próprio BNDES. Sobre a instalação da fábrica de telas, o banco confirmou à reportagem que participou das negociações, sem sucesso.

"O banco continua em contato com a Foxconn e tem trabalhado para viabilizar investimentos no Brasil em setores de alto conteúdo tecnológico", informou, por meio da assessoria. "As tratativas até o momento não tiveram resultados conclusivos."

Segundo fontes, o limite de 30% de participação acionária do BNDESPar em empresas segue em vigor e, só em poucos casos, esse limite é ultrapassado - em 2008, na crise financeira global, algumas participações do BNDES em empresas superaram esse limite de 30%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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