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Sem divórcio: como Renault e Nissan "equilibraram" uma aliança de 24 anos

Junto com a Mitsubishi, sócios preveem investir € 23 bilhões no mercado elétrico nos próximos cinco anos

Luca de Meo, CEO da Renault SA, à esquerda, e Makoto Uchida, CEO da Nissan Motor Co., durante coletiva de imprensa em Londres (Jason Alden/Bloomberg/Getty Images)

Luca de Meo, CEO da Renault SA, à esquerda, e Makoto Uchida, CEO da Nissan Motor Co., durante coletiva de imprensa em Londres (Jason Alden/Bloomberg/Getty Images)

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AFP

Publicado em 6 de fevereiro de 2023 às 13h24.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2023 às 13h34.

A aliança Renault e Nissan foi retomada nesta segunda-feira, 6, com "um novo espírito" que "equilibra" as suas bases, com novos projetos industriais no setor elétrico, após 24 anos de um casamento assombrado por rumores de divórcio.

A Renault possuía 43,4% da Nissan. As duas empresas fecharão um novo acordo, segundo o qual a Nissan e o Grupo Renault terão "participação cruzada de 15%, com duas obrigações: de conservá-la e de limitar suas participações", anunciaram em entrevista coletiva em Londres.

Renault, Nissan e Mitsubishi, que entrou na aliança em 2016, negociaram durante meses os detalhes deste acordo, aprovado no domingo pelo conselho de administração da Renault, e na manhã desta segunda-feira pelo da Nissan, disse a associação.

Com este novo equilíbrio, termina o domínio do grupo francês na associação, iniciado em 1999 quando a Renault adquiriu parte do capital da Nissan.

Este negócio foi prejudicado pela entrada surpresa do Estado francês no capital da Renault em 2015 e com a queda espetacular de Carlos Ghosn, que presidia a aliança, e que acabou preso no Japão no final de 2018 acusado de crimes financeiros.

O CEO da Nissan, Makoto Uchida, enfatizou nesta segunda-feira que esta iniciativa é necessária para construir uma "cultura de transparência e respeito" entre os dois fabricantes.

"Seremos coerentes, seremos focados em resultados e seremos generosos e igualitários, como fomos durante as negociações", afirmou o dirigente.

O CEO da Renault, Luca de Meo, afirmou que "com base neste acordo, há uma reativação das iniciativas comerciais e industriais iniciadas por esta aliança".

Novos projetos na América Latina

Em todo o caso, o grupo francês não vai vender de imediato o resto de suas ações na Nissan (28,4%) porque o seu valor de mercado é muito inferior ao valor atualmente registado nas suas contas.

Quando o contexto for "comercialmente razoável", essas ações poderão ser revendidas em benefício da Renault, especificou a aliança. A Nissan poderá fazer a primeira oferta.

Os dois fabricantes terão direitos iguais de voto em seus respectivos conselhos de administração.

A Renault continuará recebendo dividendos sobre essas ações até sua venda, para a qual não há prazo específico.

Renault, Nissan e Mitsubishi colaboram em vários veículos e, juntas, possuem uma força de trabalho de 375 mil funcionários.

Os carros Renault e Nissan têm os mesmos motores e há carros Renault vendidos sob o emblema da Mitsubishi.

Com este novo acordo, eles também anunciaram novas iniciativas industriais, especialmente na Índia e na América Latina.

Na Argentina, a Nissan vai lançar uma caminhonete projetada pela Renault e no México a montadora japonesa quer relançar a marca francesa com a produção dos seus modelos.

Nissan e Renault também têm um plano de lançar neste mercado, onde sua margem de crescimento é grande, dois pequenos veículos elétricos comuns.

No total, os três sócios preveem investir € 23 bilhões no mercado elétrico nos próximos cinco anos.

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