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Sem captação: como os acordos com a indústria ajudaram o Bebida na Porta a crescer mais de 300%

A startup de delivery de bebidas apresentou uma receita líquida de R$ 38,5 milhões em 2022, alta de 340%

Jessica Gordon, do Bebida na Porta: os fundos de venture capital não deixariam fazer parcerias tão fortes como as que temos (Leandro Fonseca/Exame)

Jessica Gordon, do Bebida na Porta: os fundos de venture capital não deixariam fazer parcerias tão fortes como as que temos (Leandro Fonseca/Exame)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de agosto de 2023 às 07h01.

Última atualização em 4 de setembro de 2023 às 16h07.

A paulistana Jessica Gordon se tornou uma referência em um mercado bem diferente da sua área de trabalho, o de delivery de bebidas. A executiva comanda o Bebida na Porta, startup que fundou em 2018 e que deve registrar uma receita líquida de 115 milhões de reais em 2023.

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O montante representa 200% de crescimento em relação aos números de 2022. No ano passado, o Bebida na Porta teve receita operacional líquida R$ 38,5 milhões, alta de 340% em 12 meses. Os dados da empresa foram atestados no ranking EXAME Negócios em Expansão 2023.

No portfólio, o Bebida na Porta oferece mais de 200 bebidas e snacks que chegam à casa dos consumidores paulistanos, em média, 20 minutos após o pedido.

O negócio funciona com uma estrutura enxuta a partir de dark stores, pequenos centros de distribuição da empresa para liberar rapidamente as mercadorias aos consumidores e não atrapalhar nenhuma celebração.

Quais os modelos de negócio da startup

Em pouco mais de cinco anos, a startup se transformou em uma espécie de elo para conectar os consumidores com a indústria de bebidas. Além das vendas no próprio app, o Bebida está conectado a plataformas como o Ifood e a Rappi e é o operador logístico do Zé Delivery.

  • Cuida ainda de lojas online de bebidas da Ambev, Evino e Grand Cru, uma vertical whitelabel que representa cerca de 20% do negócio
  • Com o formato, são os nomes das companhias que aparecem nos apps, estratégia que ajuda a posicionar as marcas e aproximá-las dos consumidores

O relacionamento com esses grandes parceiros e fornecedores vai além das vendas e integrações tecnológicas. É a partir das conversas e trocas com eles que a empresa define os novos mercados.

Hoje, além de São Paulo, a startup está no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, em Minas Gerais, e começa a colocar os pés em Curitiba, no Paraná.

“O que fez diferença neste tempo é que nós fizemos muitas parcerias com a indústria e fomos para uma estratégia de nos aproximar dos grandes”, afirma Gordon. “Isso garante um preço muito bom para oferecermos ao consumidor final e o aumento do giro e do volume”.

Por que a startup prefere manter sua autonomia e não captar recursos no mercado financeiro

O modelo do Bebida surgiu de um descontentamento da então executiva da área de recursos humanos. Usuária de diversos aplicativos de conveniência lá em 2017, ela sentia que nenhum atendia totalmente as suas expectativas.

Sem experiência no varejo nem no empreendedorismo, partiu em busca de mentores e conselheiros para validar a tese e o modelo.

“Eu sempre trabalhei com a parte mais estratégica de desenvolvimento humano e organizacional, o que acho que ajudou muito quando resolvi empreender”, afirma ela, com 10 anos de experiência em empresas como Catho e Votorantim. Hoje, a empresa recebe mais de 100 mil pedidos por mês.

Para atender o fluxo de demanda, com picos em fins de semanas e dia de jogos de futebol, o Bebida posicionou dark stores a cada três quilômetros pela cidade de São Paulo, onde ficam 22 das 30 unidades do negócio.

A ambição é conseguir transportar o modelo para os seus novos mercados. “Nós queremos estar nas principais capitais e cobrir os territórios. Quanto mais perto eu estiver do consumidor final, mais ele adere rápido ao delivery”, diz. A única indefinição é sobre o ritmo em que esse processo vai acontecer.

Gordon não pretende captar recursos no mercado, prefere manter a autonomia do Bebida, até para continuar desenhando as estratégias e os acordos que trouxeram até aqui. Desde que entrou no mercado a empresa fez apenas uma captação no valor de 1 milhão de reais em 2020, recurso que veio da Anjos do Brasil, Poli Angels, entre outros investidores individuais.

"Os fundos de venture capital não deixariam fazer parcerias tão fortes como as que temos com a Ambev, o Zé Delivery e Ifood. Eles querem algo do tipo: 'sobreviva você sozinha e a gente coloca milhões e é tudo ou nada'".

Empresa faz parte do ranking Negócios em Expansão

A Bebida  na Porta foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.

A empresa ficou na sexta colocação na categoria 30 a 150 milhões, com um crescimento de receita líquida de 339,67%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 8,6 milhões. Em 2022, subiu para R$ 38,5 milhões.

O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.

Os resultados vieram a público num evento para mais de 400 convidados em São Paulo.

Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados:

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