PDVSA: o contrato permitia "um financiamento de um montante de até 4 bilhões de dólares" (Marco Bello/Reuters)
AFP
Publicado em 21 de novembro de 2017 às 16h02.
Autoridades venezuelana detiveram, nesta terça-feira (21), por suspeita de corrupção, o presidente e cinco vice-presidentes da Citgo, a filial nos Estados Unidos da petroleira PDVSA, recentemente declarada em moratória por um grupo de credores.
"Seis diretores de alto escalão já foram apreendidos", garantiu o procurador-geral, Tarek William Saab, em uma coletiva de imprensa, indicando que serão acusados de "peculato doloso próprio, acordo de funcionário público com empreiteira, legitimação de capitais e associação" criminosa.
O presidente da Citgo, Jose Ángel Pereira, foi detido em Caracas, mas o local da prisão de Tomeo Badel, Alirio Zambrano, Jorge Toledo, Gustavo Cárdenas e José Luis Zambrano, vice-presidentes de diferentes áreas da Citgo, não foi anunciado.
Segundo o procurador, os diretores da Citgo "valendo-se de sua posição como representantes legais da filial" assinaram, em 15 de julho de 2017, um contrato com as empresas Frontier Group Management LTD e Apollo Global Management LLC, sobre uma suposta renegociação de dívidas.
"Baseando-se, para assinar esse contrato, em um suposto refinanciamento dos programas de dívida de 2014 e 2015 para solicitar empréstimo sob condições desfavoráveis à nossa principal indústria, a PDVSA", explicou Saab.
O contrato permitia "um financiamento de um montante de até 4 bilhões de dólares, sem depender, claro, da assinatura com a aprovação do Executivo".
Segundo o funcionário, o mais grave foi a oferta, como garantia, da própria filial da Citgo, principal refinadora de petróleo e comercializadora de gasolina da Venezuela nos Estados Unidos.
"Isso é corrupção do mais baixo calão, que deve ser punida e sancionada independentemente de que quem está envolvido seja a mais alta gerência da Citgo, eles terão que responder à Justiça", garantiu Saab.
A Citgo, fundada em 1910 como o nome de Cities Service, tem três refinarias de petróleo nos estados de Texas, Louisiana e Illinois, com capacidade acumulada de 750 mil barris por dia, além de três oleodutos e ações de outros três.
Ela é a filia da PDVSA, pilar da economia venezuelana, que chegou a ser uma das cinco maiores petroleiras do mundo, mas hoje amarga uma produção em queda livre e foi declarada em moratória pela Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA), que reúne donos de bônus.