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Seguros Unimed trata estresse da equipe com psicóloga

Empresa vai mapear áreas com maior pressão para resolver o problema no ambiente corporativo. Pesquisa mostra que, no Brasil, essa é uma grande preocupação


	Psicóloga: programa da Seguros Unimed pode se transformar em produto a ser vendido para outras empresas
 (Creative Commons)

Psicóloga: programa da Seguros Unimed pode se transformar em produto a ser vendido para outras empresas (Creative Commons)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 20 de março de 2014 às 13h17.

São Paulo -  Você provavelmente já se viu pressionado por conta do trabalho — ou ouviu algum conhecido reclamar disso. De olho nas consequências que o estresse pode trazer para a sua equipe, a Seguros Unimed decidiu contratar uma psicóloga para elaborar um programa de prevenção e tratamento contra ele.

A preocupação da empresa está alinhada com a de outras companhias brasileiras. Segundo uma pesquisa da Towers Watson, para as organizações do país, o estresse é a principal fonte de ameaça à saúde de seus funcionários. Na lista de riscos, o problema aparece antes mesmo da obesidade (em terceiro lugar) e do uso do tabaco (em sétimo). 

O estudo, realizado entre maio e julho de 2013 e divulgado recentemente, ouviu 892 profissionais de recursos humanos e benefícios de saúde em 15 mercados pelo mundo. 

Novas situações

De acordo com Josiane Isaac, psicóloga da empresa, o estresse é uma reação múltipla — ou seja: que apresenta vários sintomas — que cada indivíduo desenvolve quando o organismo vê uma situação nova como amedrontadora. Ele pode causar mudanças e doenças no corpo. 

"Se exagerado, o estresse causa um desgaste fisiológico e emocional. Quando a pessoa fica muito tempo nesse estado de alerta e ansiedade, podem ocorrer problemas. Mas diminuído, ele pode se transformar em uma vontade para realizar o desafio", explica Josiane. 

Sob essa perspectiva, pesquisas de clima e engajamento já realizadas serão analisadas para identificar os níveis de pressão de cada área da Seguros Unimed. Esse processo de mapeamento deve começar em abril. 


Depois de apontados os setores mais necessitados, a psicóloga falará individualmente com os funcionários desses departamentos para diagnosticar o que provoca o estresse ali e como ele é encarado. "Queremos entender como cada um está para poder ajudar a equipe com técnicas que permitam exergar o estresse como um estímulo", diz Josiane. 

Segundo ela, as questões pessoais de cada um serão usadas — de forma sigilosa, é claro — como fonte de aprendizagem para chegar a essas técnicas, que serão trabalhadas coletivamente. 

Haverá também atividades específicas para as mulheres. As funcionárias da empresa serão convidadas a participar de grupos de discussão sobre doenças que acometem bastante o público feminino e que têm relação direta com o nervosismo. Entre elas, Josiane cita a endometriose, a obesidade, dificuldades para engravidar e doenças gástricas.

Já para tratar o estresse pessoal, a empresa oferece a assistência psicológica, feita por uma clínica parceira. Quando identificada a necessidade individual de acompanhamento em algum colaborador, Josiane indica um profissional para cuidar do caso.

Empresa saudável

"Bem administrado, o estresse vira motivação. Todos nós precisamos dele para aprender", reforça Josiane. Uma empresa que consegue compreender isso, segundo ela, ganha em produtividade. Isso porque, além de aumentar o engajamento, tratar o problema também diminui doenças e, consequentemente, o número de faltas na companhia. 

Porém, apesar de as organizações no Brasil considerarem o estresse o principal risco à saúde de suas equipes, tratá-lo por meio de projetos de saúde no ambiente corporativo ainda não é prioridade.

Segundo o estudo da Towers Watson, antes de investir nisso, as empresas estão preocupadas em criar um engajamento sobre a saúde, estabalecer uma cultura de saúde, oferecer segurança e conscientizar suas equipes, nessa ordem. 

Na Seguros Unimed, o crescimento de aproximadamente 20% a cada ano foi um dos fatores que chamaram a atenção para a necessidade de cuidar do estresse da equipe, de acordo com Josiane. "É importante crescer com sustentabilidade, ser uma empresa saudável", avalia a psicóloga.

Por enquanto, o projeto está sendo aplicado apenas nas unidades de São Paulo, onde ficam 798 dos 946 funcionários da companhia. A ideia é expandi-lo para o restante da equipe e, se der certo, virar um produto que será oferecido às empresas clientes. 

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