Com a queda da patente da Nespresso, muitos empresários decidiram investir no segmento de café em cápsula (Pedro Rubens / VEJA)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2015 às 09h48.
São Paulo - O potencial de mercado dos cafés em cápsulas tem atraído investimentos não só de grandes companhias. Empresas de pequeno e médio porte passaram a enxergar no segmento uma forma de consolidar suas marcas e ganhar uma fatia desse novo setor.
Atualmente existem mais de 60 empresas que investem no nicho, chamado de monodose. Há um ano, esse número não passava de oito, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
De 2013 para 2014, as cápsulas cresceram 52,4% em volume e 55,5% em vendas, alcançando os 660 mil quilos e R$ 90,8 milhões em receita, segundo pesquisa feita pela Nielsen a pedido da Abic. "É um mercado muito atraente, com valor agregado elevado", afirma o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz.
Para quem pensa em empreender, entretanto, é preciso cuidado: não vale apenas encapsular o café. A empresa precisa traçar estratégias para saber onde e como pretende vender o produto.
O empresário Fabrizio Serra, por exemplo, escolheu o modelo de clube de assinaturas para lançar a marca Moccato com outros dois sócios. Tudo começou quando ele fundou a startup ChefsClub há três anos e, desde então, estava em busca de um novo mercado para investir.
Optou pelo modelo de recorrência e de cafés em cápsulas com o diferencial de oferecer um produto fresco - a cápsula é enviada ao consumidor sete dias após a torra.
O valor dos planos para envio de 30 a 90 cápsulas variam de R$ 48 a R$ 125. O negócio exigiu investimento de R$ 1 milhão e a meta é atingir R$ 3 milhões de faturamento nos próximos 12 meses e ainda conquistar 20 mil assinantes até o fim de 2016.
"Esse valor de R$ 1 milhão é muito bom para a empresa começar, mas não será o único dinheiro que vamos precisar", diz Serra, que já conta com aporte de um investidor anjo e, até o final do ano, pretende contar com o suporte de fundos de capital de risco. Para testar a aceitação do produto, Serra lançou a marca durante uma campanha de crowdfunding no site Kickante. Em duas semanas, a campanha arrecadou quase R$ 20 mil de 378 apoiadores.
Já a diretora comercial Liana Baggio Ometto é a quarta geração da família envolvida com cafés. Com a queda da patente da Nespresso, a Baggio, de Araras, resolveu investir na própria cápsula há quase um ano. "Não queremos ser grande, queremos ser especiais", diz Liana, que vende um café gourmet com três perfis de torra e vai lançar uma cápsula aromatizada no mês que vem.
A marca começou com a venda de 15 mil cápsulas por mês e hoje vende 40 mil. A meta é dobrar esse número até o fim do ano.
A intenção da empresa não é brigar com a Nespresso, mas ser mais uma opção para o consumidor. "O nosso café é mais artesanal", diz. Hoje, as cápsulas representam 20% do faturamento da empresa com a expectativa de chegar a 50% em até dois anos.
Terceirização
Segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Abic, a possibilidade de terceirização do serviço de encapsulamento do café ajudou na entrada de novos produtores nesse mercado. Com cerca de R$ 9 mil é possível adquirir 17 mil cápsulas, afirma.
Uma das empresas que oferece esse serviço é a portuguesa Kaffa, instalada em Ribeirão Preto desde julho de 2014. Com a produção média de 1,8 milhão de cápsulas por mês, a empresa tem uma carteira de 60 clientes, entre produtores, torrefadores e operadores. "A cápsula tem muito valor agregado.
Além do encapsulamento, também orientamos a empresa na escolha das opções e formatos para comercialização", analisa o diretor comercial e de marketing da Kaffa, Alexx Noga. Além do consumidor final, a empresa pode vender para restaurantes e escritórios, por exemplo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.