Lamia: os procuradores ficaram várias horas no escritório da Lamia, onde apreenderam documentos e computadores (Reuters/Reuters)
EFE
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 21h22.
La Paz - O Ministério Público da Bolívia e a Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC) realizaram nesta terça-feira uma operação de busca e apreensão nos escritórios da organização de controle de voos do país e da companhia aérea Lamia em Santa Cruz de la Sierra, dentro das investigações sobre a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia.
Procuradores anticorrupção e funcionários da DGAC buscaram "documentação sobre o plano de voo", além de outros dados necessários para a investigação, disse José Quiroz, diretor do aeroporto Viru Viru, em Santa Cruz, segundo a agência estatal de notícias "ABI".
Primeiro foram verificadas as instalações da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (AASANA), que ficam no terminal aéreo, e depois os escritórios da Lamia, no centro de Santa Cruz.
Os procuradores ficaram várias horas no escritório da Lamia, onde apreenderam documentos e computadores, segundo a imprensa local.
No caso da AASANA, o alvo da operação foi a sala da funcionária Celia Castedo, que questionou o plano de voo do avião da Lamia antes do acidente na Colômbia, mas não impediu sua decolagem.
A principal observação feita por Castedo foi que o tempo de voo previsto entre Santa Cruz e Medellín era o mesmo registrado para a capacidade máxima de combustível do avião.
Castedo deixou ontem a Bolívia rumo ao Brasil, entrando na cidade de Corumbá, e passou o dia em negociações com seu advogado e autoridades brasileiras, e foi levada à noite à delegacia da Polícia Federal para que apresentasse um pedido de refúgio.
O ministro de Governo boliviano, Carlos Romero, afirmou que ela saiu do país ilegalmente, por isso sua estadia no Brasil também seria ilegal.
"(Castedo) Não utilizou nenhum ponto legal de controle migratório. Sua saída do país foi ilegal, sem passar pelos postos de controle migratório", alegou Romero, segundo um comunicado.
De acordo com ele, a saída de Castedo da Bolívia é "um claro sinal que visa evitar a ação da justiça" local.
"Não há nenhum argumento para sustentar uma solicitação de refúgio. Seja como for, está sendo feita uma investigação conjunta entre Brasil, Colômbia e Bolívia", afirmou.
O avião da Lamia caiu com 77 pessoas a bordo - entre elas a delegação da Chapecoense que seguia para Medellín para disputar o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana, além de dirigentes do clube, membros da comissão técnica, convidados, jornalistas e truipulantes - a poucos quilômetros da pista do aeroporto da cidade colombiana. O acidente só deixou seis sobreviventes.