Loja da Sara Lee, nos Estados Unidos (Tim Boyle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 18h36.
Nova York - A Sara Lee planeja dividir as unidades de café e de carnes, em vez de negociá-las como um todo, disse uma fonte próxima da situação nesta quinta-feira.
A companhia norte-americana já indicava preferir esta opção após o grupo de empresas de private equity liderado pela Apollo Management desistir da oferta pela Sara Lee, de acordo com uma segunda fonte.
Já a brasileira JBS, maior grupo de carnes do mundo, tem tido dificuldades para financiar uma proposta de compra maior, também de acordo com a segunda fonte.
Ambas as fontes falaram à Reuters sob condição de anonimato, uma vez que as negociações ainda não foram tornadas públicas.
A Sara Lee decidiu fatiar a companhia após as ofertas de compra falharem em atender as expectativas, disse a segunda fonte. Não estava claro se algum dos dois grupos planejava elevar sua oferta.
As ações da Sara Lee operavam em baixa de mais de 5 por cento nesta quinta-feira, por volta das 17h30 (horário de Brasília), enquanto as do JBS, que caíam antes das notícias, passaram a subir. No mesmo horário, tinham alta de 0,7 por cento.
Os papéis da Sara Lee estão "nas mãos de muitos especuladores no momento, na expectativa de que alguém virá salvá-los. O anúncio de hoje de que dividirão a empresa --isso não é bom para essas pessoas. Eles não estão confiantes de que conseguirão o mesmo valor, infelizmente", disse o presidente e gerente de portfólio da James Advantage Funds, Barry James. Seu fundo controla mais de 200 mil ações da Sara Lee.
"Quanto mais as ações vão cair, é difícil dizer, mas a empresa com certeza está sendo punida porque não bateram o pé e admitiram: 'Sim, a gente queria fazer isso. Os acionistas ainda terão algo a dizer sobre isso até o fim dessa história".
No caso do JBS, a notícia foi vista como positiva, já que alguns integrantes do mercado se preocupam com uma eventual aquisição da Sara Lee, uma empresa avaliada em mais de 10 bilhões de dólares, pelo frigorífico brasileiro.
"Existe uma preocupação sobre como a empresa poderia estruturar essa operação, se seria via ações, ou se teria eventual diluição... Se fosse dívida, ela ia ficar muito alavancada", afirmou o corretor Rafael Cintra, da Link Investimentos.
"Outro ponto é que toda a aquisição envolve risco de aquisição. Então, quando não tem isso, tira um pouco do peso do papel (do JBS)", acrescentou ao comentar a notícia de que a Sara Lee planeja dividir as operações.
Ele ainda disse que, se for confirmada a segregação das unidades da Sara Lee, pode ficar mais fácil para o JBS comprar uma parte da operação, especialmente porque a empresa brasileira poderia levar o segmento de carnes da norte-americana, alvo favorável para eventuais sinergias.
A Sara Lee e a Apollo informaram que se negam a comentar rumores ou especulações, enquanto o JBS não tem comentado o assunto.