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O novo lance milionário do São Paulo: fazer R$ 90 milhões com startups

A área de inovação do SPFC vai captar R$ 11 milhões para impactar o dia a dia do clube, dos torcedores e até dos jogadores

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 16h47.

Última atualização em 21 de outubro de 2025 às 17h34.

O São Paulo Futebol Clube quer se tornar o "clube mais inovador das Américas" até 2030. Para isso, o SPFC vai apostar em um modelo de negócios ainda inédito no futebol brasileiro, com a expectativa de gerar até R$ 90 milhões em novos negócios até o final da década.

Nesta terça-feira, 21, o clube anunciou a criação do Inova.São Ventures, uma plataforma de inovação que vai permitir ao SPFC se conectar com startups do setor de esportes, entretenimento e tecnologia. O plano é captar R$ 11 milhões até 2030 e investir em 50 startups.

“Queremos não só modernizar o clube, mas também nos consolidar como um centro de inovação e geração de novas fontes de receita”, afirmou José Guilherme Oliver, head de Inovação do SPFC, durante coletiva de imprensa.

Qual é o plano?

O Inova.São Ventures funcionará como um corporate venture builder (CVB), ou seja, uma unidade de negócios que incubará startups dentro da própria estrutura do clube.

Para executar o plano, a equipe de inovação do SPFC conta com as venture builders FCJ Group e a Sportheca. A última constrói startups esportivas do zero. Ambas vão ajudar com a captação e o desenvolvimento das empresas selecionadas.

O clube está em busca de startups que já tenham um MVP (mínimo produto viável) e algum faturamento, mas sem um valor mínimo especificado.

Há interesse em áreas como Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, HealthTech e Smart Stadium (resumidamente, são tecnologias voltadas para eventos em estádios), mas a equipe está disposta a conhecer startups com qualquer tese que possa contribuir ao ecossistema futebolístico.

O projeto tem duração de cinco anos e o SPFC já recebe um valor fixo pela implementação do CVB, o que garante a continuidade do projeto, independentemente de mudanças de gestão no clube.

“O São Paulo não investe financeiramente, mas já ganha com a infraestrutura e a marca associadas ao modelo. Isso garante que o retorno financeiro será real e escalável a médio e longo prazo”, explica Eduardo Alfano, diretor de Relações Institucionais do SPFC.

Por que um CVB?

Um dos grandes atrativos do corporate venture building (ou CVB) é a alocação de risco e capital.

O SPFC não investirá dinheiro diretamente nas startups; o clube oferece sua marca e infraestrutura — o que inclui o próprio MorumBIS e sua base de 22 milhões de torcedores — para testar, validar e escalar as ferramentas tecnológicas.

A tese já foi validada em outros países:

  • O FC Barcelona tem uma plataforma de inovação desde 2018, e, em 2024, lançou oficialmente um braço de venture capital para investir em startups de esporte
  • Em 2020, o Real Madrid lançou o próprio programa de inovação aberta
  • Mais recentemente, no início do ano, o Paris Saint-Germain lançou a aceleradora PSG Labs

Todas nasceram com o intuito de investir em tecnologias que podem beneficiar o clube, mas o modelo de CVB permite que as startups escalem e eventualmente vendam para outros clubes e empresas, ou até aplique a solução em outros setores.

No caso do Barcelona, por exemplo, uma das startups do hub de inovação está criando o maior banco de dados imunológico do mundo. A ideia é analisar a imunidade de atletas e avaliar o estado de saúde antes de treinos ou partidas.

Os dados obtidos passam por um programa de IA, que monta uma espécie de diagnóstico. O jogador consegue otimizar o próprio treinamento e até prever lesões.

Mas uma das pesquisadoras por trás da Omniscope aplicou recentemente a tecnologia a um caso de câncer infantil. Ela conseguiu monitorar a atividade das células do sistema imunológico do paciente antes, durante e após o tratamento de imunoterapia.

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