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Santander compra empresa de recuperação crédito, diz Rial

As consequências da pior recessão da história do Brasil têm atraído um número crescente de companhias ao mercado de empréstimos inadimplentes

Sérgio Rial: “Os bancos precisam repensar o seu modelo de negócio”, disse (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Sérgio Rial: “Os bancos precisam repensar o seu modelo de negócio”, disse (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2017 às 16h47.

São Paulo - O Banco Santander Brasil comprou uma empresa de recuperação de crédito para ampliar receitas diante do cenário de queda dos juros básicos no País, disse seu presidente.

“Os bancos precisam repensar o seu modelo de negócio”, disse Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, em ampla entrevista concedida na semana passada na sede do banco em São Paulo, na qual ele discutiu a aquisição da Ipanema Credit Management, concluída em julho. “O Santander está agregando experiência, tecnologia, a uma área na qual já foi pioneiro.”

As consequências da pior recessão da história do Brasil têm atraído um número crescente de companhias ao mercado de empréstimos inadimplentes e outros ativos problemáticos.

No ano passado, o Itaú Unibanco adquiriu a Recovery do Brasil, maior empresa de gestão de créditos inadimplentes da América Latina.

A Lone Star Funds, com sede em Dallas, nos EUA, está comprando a Apoema Capital Partners, uma firma brasileira que administra cerca de R$ 4,5 bilhões (US$ 1,4 bilhão) em ativos inadimplentes, informou uma pessoa com conhecimento do assunto em abril.

As perspectivas de recuperação do crédito inadimplente melhoraram com a economia do País, que se expandiu no primeiro trimestre após dois anos consecutivos de contração.

“O chão parou de cair”, disse Rial, que normalmente deixa de lado o estereótipo conservador dos banqueiros brasileiros evitando gravatas e preferindo um estilo "business-casual".

“A inflação mais baixa representa um aumento real da renda das famílias e as reduções da taxa de juros ajudam a estimular a economia”, disse ele, que também elogiou a “responsabilidade fiscal” do governo. Com a aproximação das eleições do ano que vem “é muito importante um processo de continuidade”, disse ele.

Vendas de empréstimos

O presidente preferiu não comentar sobre o preço que o Santander Brasil pagou por 70 por cento da Ipanema, que tem sede em São Paulo e conta com cerca de 30 funcionários.

A compra não significa que o Santander Brasil, um dos pioneiros da venda de carteiras de crédito inadimplentes ao mercado, sairá desse negócio, disse Rial. A empresa recentemente vendeu R$ 1,3 bilhão em empréstimos com pagamentos em atraso a investidores brasileiros, disseram pessoas com conhecimento do assunto em maio.

A compra da Ipanema se encaixa na estratégia de Rial de fazer o banco avançar à máxima velocidade, por vezes repassada aos funcionários de forma inusitada. Na reunião de fim de ano da empresa em 2015, o presidente subiu ao palco vestido dos pés à cabeça com o icônico macacão vermelho e branco de um piloto de Fórmula 1 da Ferrari e disse: “Acelera, Santander”.

Rial, que recomenda que todos os funcionários leiam um livro chamado “Organizações Exponenciais: Porque elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito)”, não desacelerou muito com a recessão no Brasil e o subsequente aumento da taxa de inadimplência dos clientes.

A margem de juros e o lucro do banco, que respondeu por 26 por cento dos ganhos de sua matriz espanhola no primeiro semestre do ano, subiram em todos os trimestres desde que Rial assumiu a presidência, em janeiro de 2016.

“Eu acredito que navegar na crise pode ser uma ótima oportunidade, como dizem os chineses”, disse ele.

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