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Saída de Eike da MPX marca início do colapso do império EBX

A companhia de geração de eletricidade também será renomeada até outubro para se posicionar como fora do grupo EBX, disseram executivos da MPX

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2013 às 17h37.

São Paulo/Rio de Janeiro - O grupo EBX de Eike Batista, que já foi um conglomerado industrial com grandes ambições, começou a desmoronar na quinta-feira, sendo a mais nova vítima do boom de uma década do setor de commodities a sofrer uma parada brusca.

Eike, fundador e força vital por traz do grupo de petróleo, energia, portos, navios e mineração, que nomeou todas as suas companhias com um "X" para simbolizar "multiplicação de riqueza", saiu da presidência do Conselho de Administração da MPX, empresa de energia e a mais promissora do grupo.

A companhia de geração de eletricidade também será renomeada até outubro para se posicionar como fora do grupo EBX, disseram executivos da MPX em teleconferência nesta quinta-feira.

O movimento tira Eike da MPX num momento em que o valor do seu império, que já foi avaliado em cerca de 60 bilhões de dólares, desintegra-se. Uma vez considerado o homem mais rico do Brasil, a participação pessoal de Eike na EBX diminuiu em mais de 20 bilhões de dólares no último ano, enquanto as promessas de poços de petróleo, portos, plantas de geração de energia e navios falharam em se materializar.

A maior parte das ações das empresas do EBX está agora quase sem valor, a dívida é negociada a níveis que sugerem default e investidores líderes questionam a promessa de Eike de investir mais. Com a economia do Brasil em dificuldade, a fraqueza da moeda e a demanda chinesa --força condutora por traz do boom do Brasil na última década-- diminuindo, investidores têm pouco apetite por novos investimentos.

"O apuro de Eike é como o do Brasil, um sinal de que não podemos mais ignorar o apuro do Brasil", disse Alexandre Barros, fundador da Early Warning, uma consultoria de risco político baseada em Brasília. "Eike deixou investidores animados sobre o potencial do Brasil, que era real, mas como o Brasil, Eike falhou em entregar." A saída de Batista ocorre depois que a MPX cancelou uma oferta de ações de cerca de 1,2 bilhão de reais.

A oferta se tornou insustentável com a deterioração das condições de mercado, disse a companhia em documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A recomendação para o cancelamento da oferta pública partiu do banco BTG Pactual, que tem atuado como assessor financeiro do grupo EBX, de Eike.


Em vez disso, a MPX vai promover um aumento de capital de 800 milhões de reais com ações ao preço de 6,45 reais por papel, em uma operação privada na qual Eike, parceiro da alemã E.ON, e o BTG Pactual poderão participar.

"Isso é muito bom para a MPX", disse Ricardo Correa, analista do setor de energia da Ativa Corretora. "A MPX é a melhor empresa do grupo e eles estão trabalhando rápido para isolar a companhia e separá-la do risco associado com o grupo EBX de Eike", disse.

A ação da MPX, que tinha caído 42 % neste ano, subia mais de 10 % às 16h55 desta quinta-feira, na Bovespa.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a saída de Eike da MPX e ganhos de ações de várias empresas do grupo EBX nesta quinta-feira mostram que investidores consideram que a ruptura da EBX pode ser a melhor forma de proteger os investimentos.

"Eles têm que fazer alguma coisa e fazer algo rápido para isolar as diferentes partes do grupo da reação contra Eike, de forma que Eike e a EBX possam ter espaço para cessar a deterioração e reestruturar o grupo", disse Pires.

E.ON  assume

De acordo com o antigo plano de venda, as ações seriam vendidas a 10 reais cada, como parte da compra de participação na MPX pela E.ON, em março, de 1 bilhão de dólares. Agora, no novo plano, a E.ON concordou em comprar até 367 milhões de reais em ações no aumento de capital, com garantia do BTG Pactual na operação.

A E.ON detém 36 % na MPX, uma participação que poderá aumentar para até 38 % na operação privada, disseram executivos da MPX.

Eike deixará o conselho de administração, mas ainda tem 29 % da MPX e controle em conjunto com a alemã E.ON por meio de um acordo de acionistas, disse a MPX na teleconferência, adicionando que não há garantia que o empresário irá comprar novas ações no aumento de capital.

A participação de Eike será reduzida para 24 % se ele não comprar nenhuma ação da MPX no aumento de capital, segundo a empresa. Representantes na EBX não responderam imediatamente por comentários pedidos por telefone e email.


"Nós vemos uma ampla gama de oportunidades como resultado dessa capitalização", disse o presidente-executivo da MPX, Eduardo Karrer, na teleconferência de quinta-feira. "Isso é parte do processo de evolução da MPX como uma entidade independente".

Necessidade de recursos

Os recursos do aumento de capital serão usados para "fortalecer o balanço da companhia e prepará-la para o crescimento". A empresa quer participar de diversos leilões do governo para venda de energia térmica e eólica ao longo do ano, segundo Karrer.

A MPX precisa de novo capital para financiar cerca de 600 milhões de reais em usinas de geração de energia que irá transformá-la em uma empresa totalmente operacional.

O aumento de capital da empresa deverá ser concluído em 40 dias, disseram executivos da companhia.

Jorgen Kildahl, membro do conselho pela E.ON, irá substituir Eike, que fundou a MPX em 2001, disse um porta-voz da E.ON. A decisão de Eike de deixar a empresa foi "pessoal", disseram representantes da MPX.

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