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Rotulagem climática: empresas começam a informar pegada de carbono na embalagem

A transparência nos rótulos é tendência no mundo todo; no Brasil, o movimento já conta com a adesão de quase 30 marcas

 (d3sign/Getty Images)

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EXAME Solutions
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Publicado em 11 de agosto de 2023 às 08h00.

Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 14h31.

Nos próximos anos, a maioria dos rótulos de alimentos, além de ingredientes e informações nutricionais, pode estampar a pegada de carbono do produto na embalagem, ou seja, o volume de emissões de gases de efeito estufa associadas àquele item.

A transparência climática é uma das grandes tendências no setor de alimentos, como aponta o relatório Future of Food, do centro internacional de pesquisa Backslash. “Os rótulos do futuro se importarão com o clima tanto quanto com as calorias”, diz o estudo.

Embora ainda esteja longe de ser um padrão – somente a Dinamarca está atualmente trabalhando em um rótulo climático controlado pelo governo –, cada vez mais marcas vêm aderindo voluntariamente à proposta mundo afora, inclusive no Brasil. 

Mostra sua pegada

Por aqui, quem abriu caminho para a rotulagem climática foi a marca de leite de aveia Nude. A fim de aperfeiçoar processos, a empresa calculou todo o impacto gerado em sua produção – do plantio da aveia até o descarte de embalagens –, e resolveu colocar o resultado na embalagem (uma etique em formato de nuvenzinha na caixa de cada produto informa a pegada de carbono). 

A partir da iniciativa, a empresa lançou o movimento #MostraSuaPegada, em que convida outras marcas a fazerem o mesmo: calcular as emissões e comunicar o impacto climático de pelo menos um de seus produtos e serviços. 

Quase 30 marcas, de diferentes segmentos, já se engajaram e estão nessa corrente por informações mais transparentes. Movida, Natura, Reserva e Hering são algumas delas. 

“Assim, com números reais, podemos afirmar se a pegada do que cada um veste, anda, voa, ensaboa, compra, cozinha, trabalha, toma ou engole nutre ou desnutre o corpo da Terra”, disse a Nude.

A Nude, marca de leite de aveia, encabeça um movimento pela transparência climática no Brasil. A pegada de carbono dos seus produtos aparece já na frente da embalagem (Nude)

A Nude, marca de leite de aveia, encabeça um movimento pela transparência climática no Brasil. A pegada de carbono dos seus produtos aparece já na frente da embalagem

Os objetivos, segundo a Nude, além de mobilizar toda a indústria nesse sentido, são destacar as marcas que se importam com as questões climáticas e conscientizar o consumidor sobre o impacto ambiental dos produtos que ele escolhe levar para casa.

“Somos uma empresa plant based, a alimentação é nosso fio condutor na mitigação das mudanças climáticas. Acreditamos que a transição para uma sociedade de baixo carbono é uma forma de prosperar sem matar o planeta em que vivemos”, declara a empresa.

Para além do carbono

Mas será que esses rótulos fazem diferença realmente? O relatório da Backslash afirma que tudo indica que sim. 

Conforme o estudo, mais de dois terços dos consumidores acham a rotulagem climática uma boa ideia e concordam que ela impulsiona as compras de alimentos com baixo teor de carbono. E acima de 60% mudariam para marcas que divulgam mais do que apenas ingredientes e informação nutricional.

Porém, para que haja um real progresso, será preciso estabelecer um sistema obrigatório e padronizado, em que o consumidor realmente possa comparar, ressalta o Future of Food. Porque até agora as iniciativas de transparência são individuais e cada empresa tem seu método de cálculo. 

""Quase dois terços dos consumidores mudariam para marcas com rótulos que divulgam mais do que ingredientes e composição nutricional

Apesar de boa parte do foco hoje ser os gases de efeito estufa, vale salientar que essa é só uma parte de uma questão bem mais complexa. Ampliando o horizonte, a expectativa é que futuramente os rótulos tragam informações socioambientais mais abrangentes, incluindo toda a cadeia de abastecimento. 

Por mais distante que pareça, isso já está começando a se desenrolar. Na França e na Bélgica, por exemplo, empresas estão trabalhando em uma pontuação ecológica para inserir nas embalagens, sob a supervisão de uma agência pública, considerando todo o ciclo de vida do produto. O eco-score vai de A (bom) a E (não muito bom). 

Para fundamentar as classificações, startups como a francesa Carbon Maps vêm desenvolvendo modernas plataformas para que a indústria alimentícia acompanhe com precisão o impacto de cada um de seus produtos, desde a matéria-prima. 

Com novas ferramentas sendo lançadas e movimentos pela transparência pipocando pelo mundo, não é difícil imaginar, nos próximos anos, rótulos exibindo um QR Code cujo link leva a detalhes que vão muito além da pegada de carbono, como questões sociais, éticas e trabalhistas. 

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