Negócios

Rodrimar pagou empresa alvo da Lava Jato e da Sepsis

Recursos foram repassados da Pérola S.A, empresa que tem entre seus sócios o Grupo Rodrimar, a um escritório de advocacia

Polícia Federal mapeou, no inquérito que investiga a edição do Decreto dos Portos, pagamentos de empresas do Grupo Rodrimar (Arquivo/Agência Brasil)

Polícia Federal mapeou, no inquérito que investiga a edição do Decreto dos Portos, pagamentos de empresas do Grupo Rodrimar (Arquivo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de junho de 2018 às 10h12.

Última atualização em 13 de junho de 2018 às 18h25.

Brasília e São Paulo - A Polícia Federal mapeou, no inquérito que investiga a edição do Decreto dos Portos, pagamentos de empresas do Grupo Rodrimar que abasteceram as contas da Link Projetos, empresa investigada por receber propinas e repassar valores para agentes políticos do MDB em outras duas das principais investigações em curso no país: as operações Lava Jato e Sepsis.

Segundo a PF, os recursos foram repassados da Pérola S.A, empresa que tem entre seus sócios o Grupo Rodrimar, a um escritório de advocacia e posteriormente depositado nas contas da Link. Em depoimento à Polícia Federal no inquérito dos Portos, o advogado Flávio Calazans assumiu ter recebido dez parcelas de R$37,7 mil, entre 2014 e 2015, da Pérola S.A. O advogado admitiu ter emitido notas frias do seu escritório para dissimular a transação. O dinheiro, afirmou, foi encaminhado para contas de outras empresas, entre elas, a Link Projetos.

Além do escritório de Calazans, a Link recebeu entre 2007 e 2013, cerca de R$ 1 milhão da Engevix, empresa investigada no caso de Angra 3. A Engevix foi subcontratada pela Argeplan, que tem como sócio o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, para realizar obras na usina.

O empresário José Antunes Sobrinho, um dos sócios da Engevix, chegou a propor um acordo de colaboração premiada no qual afirmava ter repassado R$ 1 milhão ao coronel Lima em troca do contrato em Angra 3. O acordo não prosperou, mas o repasse foi confirmado por Sobrinho em depoimento à Polícia federal no inquérito dos Portos.

Até o momento, a PF sabe que o coronel Lima custeou com dinheiro em espécie obras no apartamento de Maristela Temer, filha do presidente - que está entre os investigados no inquérito. Nessa reta final da investigação, o objetivo é mapear se o dinheiro usado na reforma é o que foi pago pela Rodrimar para a Link Projetos e outras empresas de fachada.

Quem também aparece na quebra de sigilo da Link Projetos é a Deicmar, uma das primeiras empresas a atuar no porto de Santos. Segundo a investigação, a empresa repassou, entre 2008 e 2012, R$ 4,9 milhões para a Link Projetos.

Fi-FGTS

Outra empresa que firmou negócio com a Link é a Brado Logística. Relatório produzido pela Receita Federal, a pedido dos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba, revela que a Brado pagou R$ 1,3 milhão para a Link Projetos e Participações em agosto de 2013. No mesmo mês, a empresa recebeu o aporte de R$ 410 milhões e passou a ter o Fi-FGTS como acionista.

Nas 22 perguntas que encaminhou ao presidente Michel Temer no âmbito do processo penal relacionado à Operação Sépsis, o deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ) aborda o FI-FGTS em 21 questionamentos.

A Rodrimar, por meio da assessoria de imprensa, disse que é sócia minoritária na Pérola S.A. Procurado pela reportagem, o advogado Brian Alves Prado, responsável pela defesa do presidente Michel Temer, não se manifestou.

A Brado Logística, por meio de nota, disse que os fatos citados pela reportagem são "anteriores à mudança de controle e de gestão da Companhia". A nova controladora informou ter instaurado uma auditoria cujo resultado foi entregue ao Ministério Público Federal.

A Engevix afirmou que as operações com a Link Projetos nada têm a ver com o coronel Lima, nem guardam conexão com qualquer interesse direto ou indireto ligado a Temer.

Em nota, a defesa do coronel Lima afirmou que o cliente não praticou "qualquer fato ilícito ou irregularidades". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nota do site EXAME

A Rodrimar encaminhou o seguinte posicionamento à redação de EXAME:

"A Rodrimar estranha e lamenta que tenha sido a única procurada pela reportagem para comentar assuntos de uma empresa cujo controlador é uma multinacional e de cuja gestão não participa, o que só faz confirmar a campanha metódica e oportunista que está em curso contra a companhia, com claros interesses não só políticos mas também comerciais."

 

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoOperação Lava JatoPolícia Federal

Mais de Negócios

CEO da Novo Nordisk prestará depoimento nos EUA sobre preço de Ozempic e Wegovy

Método Amazon? Os segredos ocultos da gigante do e-commerce para inovar sem parar

Conheça a startup mais inovadora do Brasil, segundo a KPMG

Trabalhadores rejeitam proposta final da Boeing para encerrar greve, diz sindicato