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Robô no WhatsApp quer pôr fim à dor de cabeça de contratar prestadores de serviço — e capta milhões

Plataforma Robozin conecta consumidores a prestadores de serviço via WhatsApp, sem taxas ou aplicativos, e já começa expansão por São Paulo

Anderson Nery e Luís Matias, da Robozin: “Tem 5 milhões de pessoas no Brasil que já usaram plataformas de prestação de prestadores de serviço e não voltaram. Isso mostra como esse mercado ainda está mal resolvido” (Robozin/Divulgação)

Anderson Nery e Luís Matias, da Robozin: “Tem 5 milhões de pessoas no Brasil que já usaram plataformas de prestação de prestadores de serviço e não voltaram. Isso mostra como esse mercado ainda está mal resolvido” (Robozin/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 30 de maio de 2025 às 08h15.

A cena é clássica: alguém precisa de um eletricista, encanador ou pintor, mas não tem ninguém de confiança. Vai ao grupo da família no WhatsApp. "Alguém indica um bom eletricista?" Em segundos, surgem cinco nomes, todos seguidos da mesma frase: "Ele é ótimo, fez aqui em casa." Só que o número está errado, o profissional não atende, ou diz que só tem vaga para daqui a três semanas.

No fim, a busca vira uma maratona. O estresse é grande, o serviço nem sempre compensa e, muitas vezes, o barato sai caro.

Foi exatamente esse caos que levou o curitibano Anderson Nery a criar a Robozin, uma plataforma que conecta consumidores a prestadores de serviço, direto pelo WhatsApp, sem necessidade de baixar aplicativo ou lidar com dezenas de mensagens paralelas.

“Eu estava reformando meu apartamento e precisei contratar mais de 30 profissionais. Virou uma loucura", diz o fundador. "Ou eu recebia 15 mensagens de gente que eu nem sabia se podia confiar, ou tinha que ligar um a um, negociar, ver disponibilidade, preço. Isso tomava mais tempo do que resolvia”.

Depois de rodar o mercado financeiro por 14 anos e vender sua fintech, Anderson decidiu atacar esse problema com tecnologia.

Com seu sócio Luís Matias, especialista em IA, criou uma solução para automatizar o processo e tornar a contratação mais rápida e confiável.

Lançada em Curitiba, a Robozin agora chega a São Paulo com mais de 1.600 profissionais já cadastrados. E a startup também está de olho em crescer: abriu uma nova rodada de captação de 1 milhão de reais para financiar sua expansão.

“Na última startup que fundei, fizemos uma rodada com 250 investidores pequenos e foi muito positiva. Gente que ajuda a divulgar, vira cliente e embaixador. Agora queremos repetir esse modelo”, diz Anderson. A ideia é crescer com base em volume, e não em um investidor só, por isso o ticket mínimo da rodada é de 1.000 reais.

Como nasceu a Robozin

A Robozin começou em Curitiba, mas a dor que ela tenta resolver é nacional.

“Tem 5 milhões de pessoas no Brasil que já usaram plataformas de prestação de prestadores de serviço e não voltaram. Isso mostra como esse mercado ainda está mal resolvido”, diz Nery.

Segundo ele, a maioria das plataformas do tipo cobra uma porcentagem da transação, algo entre 8% e 25%, o que infla os preços e gera desconfiança. “Decidimos não fazer isso. Nosso modelo é baseado em assinatura, como uma academia. O profissional paga um valor fixo e pode atender quantos clientes quiser.”

Antes de lançar em São Paulo, a Robozin testou a base em Curitiba, onde chegou a 2.000 profissionais cadastrados. Agora, o plano é replicar o modelo em outras capitais. “Já temos operações estruturadas em Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo. Fora isso, mesmo sem divulgação, já atendemos clientes em 24 estados”, diz Anderson.

A operação é simples: o usuário manda um áudio ou texto no WhatsApp com o serviço desejado e a data. A IA da Robozin identifica a demanda, cruza com os profissionais disponíveis na região e sugere os melhores nomes. Tudo sem intermediários e sem comissão. “O que a gente entrega é tempo. Em vez de passar horas atrás de alguém confiável, resolvemos em minutos”, afirma.

Expansão com foco regional

A meta agora é fortalecer a presença nas quatro cidades onde a Robozin já atua: Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

“A gente trabalha cidade por cidade. É preciso construir uma base de oferta forte, com bons profissionais validados, antes de começar a divulgar para o consumidor”, diz Anderson.

A startup valida dados bancários e identidade de cada prestador. Após cada serviço, o cliente responde uma pesquisa. “Se dois consumidores dizem que o profissional não apareceu, ele é excluído da plataforma. Já aconteceu? Só uma vez, entre mais de 3.000 cadastros.”

O modelo tem funcionado. Apesar de ainda não cobrar pelos serviços, a Robozin já projeta um faturamento mensal de até 300.000 reais até o fim do ano, baseado apenas em assinaturas.

“Em Curitiba, já temos categorias com mais de 30 profissionais ativos. Isso nos permite lançar planos pagos ali. Em São Paulo, isso deve acontecer até o fim de 2025”, diz o CEO.

Essa construção cuidadosa é estratégica. “No começo, abriríamos mão de receita para ter um produto sólido. É um jogo de longo prazo. Vamos criar uma comunidade de profissionais qualificados, com curadoria rigorosa e experiência de cliente boa”, diz.

IA no lugar das indicações

O grande diferencial da Robozin é operar 100% dentro do WhatsApp, sem app e sem fricção.

A IA da startup automatiza as etapas de busca, negociação e recomendação.

“A gente usa o modelo LLM para entender o pedido e entregar os melhores resultados. Você pode perguntar quanto custa pintar uma parede de 10 metros, e a plataforma já retorna uma estimativa com base nas cotações anteriores”, afirma Anderson.

Além disso, a empresa oferece uma solução específica para condomínios, que precisam de cotações para reformas, pintura de fachadas ou manutenção. A ferramenta organiza os orçamentos de forma padronizada, agilizando decisões dos síndicos. “É um nicho com alta demanda e pouca tecnologia. Nossa solução economiza tempo e melhora a comparação entre orçamentos”, diz.

Segundo Anderson, o modelo conversacional facilita tanto para quem contrata quanto para quem presta serviço. “O profissional não precisa responder 15 pessoas para conseguir um trabalho. Ele recebe só a demanda que faz sentido. Isso reduz ruído e melhora a taxa de fechamento”, afirma.

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