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Revolta ter de pagar dívida, diz funcionária dos Correios

Com quarenta anos na empresa, Ângela Maria Fabri Peçanha fala sobre os 26% que serão abatidos no seu contracheque a partir do mês que vem


	Funcionário dos Correios cruza os braços durante uma manifestação: o sentimento de orgulho foi substituído pela "apreensão" e "indignação" com as notícias de irregularidades no Postalis
 (Agência Brasil)

Funcionário dos Correios cruza os braços durante uma manifestação: o sentimento de orgulho foi substituído pela "apreensão" e "indignação" com as notícias de irregularidades no Postalis (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2015 às 10h10.

Brasília - Quatro dias depois de completar 18 anos, Ângela Maria Fabri Peçanha conseguiu o emprego de telefonista em uma agência dos Correios, em Brasília.

Quarenta anos depois, o sentimento de orgulho foi substituído pela "apreensão" e "indignação" com as notícias de irregularidades no Postalis e a dúvida se, a poucos meses de se aposentar, terá assegurado seu benefício pelo restante da vida.

"Eles dão o nome de déficit, mas nós funcionários sabemos que se trata de um rombo. A culpa não é nossa. Não somos nós que fizemos as aplicações indevidas. Por que temos de levar a culpa das irregularidades que eles cometeram?", desabafa.

"É revoltante ter de pagar essa dívida", afirma, em relação aos 26% que serão abatidos no seu contracheque a partir do mês que vem.

A funcionária dos Correios diz que aderiu ao Postalis assim que o fundo foi criado, em 1981.

"Todo mês descontam o dinheiro do meu salário. Não foi fácil contribuir por tantos anos. Agora quero ter como recompensa uma aposentadoria tranquila", afirma.

Primeiro, ficava indignada quando via notícias sobre as fraudes cometidas pelos ex-executivos da entidade e apuradas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Fico revoltada porque pegaram meu dinheiro suado para fazer esse tipo de coisa."

Carta

O servidor Francisco Feliciano, de Florianópolis (SC), mandou uma carta ao presidente da ECT, Wagner Pinheiro de Oliveira, pedindo que o Postalis não tenha o mesmo destino do fundo de pensão dos aeroviários da Varig e Transbrasil.

A carta foi encaminhada com cópia para federações, associações, órgãos de controle, Congresso e até mesmo à Presidência da República.

"Que cada órgão ou representação tome conhecimento da gravidade da situação e providências efetivas nos seus respectivos âmbitos de atuação para resolver de vez esses descalabro, sem passar a responsabilidade a quem se deve", pede.

Feliciano, que completará, em abril, 40 anos de Correios, também solicita que a estatal quite a dívida em torno de R$ 1,1 bilhão com a Postalis. Além disso, afirma que a estatal é responsável pelo "rombo", a não ser que o déficit tenha ocorrido por razões de mercado.

"Nesse caso, concordamos que é ético, moral, coerente e legal o participante ser convidado a contribuir com a equalização", afirmou. "Mas não parece ser esse o caso", complementa.

"O dinheiro do Postalis é uma poupança que resolvi (e mais 120 mil colegas) fazer ao longo da vida para ajudar o governo a cumprir com a sua função social, na complementação da aposentadoria, para garantir a compra dos remédios, o pagamento adicional que acaba sendo necessário para minimizar os atendimentos hospitalares deficientes, na hora que eu mais precisar, e, se sobrar, para comprar a roupa e a alimentação, caso algum filho não possa me adotar na velhice", afirma Feliciano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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