A filial suíça do banco britânico HSBC, acusada de ajudar milhares de clientes de todo o mundo a evitar impostos (Fabrice Coffrini/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2015 às 16h49.
São Paulo - A Revista Época teve acesso à lista de 342 correntistas brasileiros do banco HSBC na Suíça e ao relatório sigiloso da Receita Federal com o nome dos 15 primeiros brasileiros que estão sendo averiguados no caso que ficou conhecido como SwissLeaks. A revista destaca que também fazem parte dessa lista outros empresários, doleiros e, segundo o documento, gente suspeita de ligação com o tráfico de drogas. "Alguns podem ter sido relacionados só por ter conta na Suíça, o que não é ilegal", ressalta a reportagem.
O vazamento começou quando documentos com dados de 106 mil pessoas com contas no HSBC da Suíça foram entregues por um ex-funcionário do banco a autoridades francesas e chegaram a um grupo internacional de jornalistas investigativos, o International Consortium of Investigative Journalism (ICIJ). A estimativa é de que os depósitos dos brasileiros neste banco totalizariam um saldo de US$ 7 bilhões entre 2006 e 2007.
De acordo com a revista, o Fisco brasileiro recebeu uma relação de 342 investidores e analisou a lista, cruzando-a com dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Daí surgiu a lista dos primeiros 15 brasileiros, que a Época divulga com exclusividade em sua edição deste final de semana.
De acordo com a revista, a lista integra nomes como o do gaúcho Lirio Parisotto, diretor presidente da fabricante de plásticos Videolar, e Ricardo Steinbruch, empresário e presidente do Grupo Vicunha, que costumam figurar nas listas dos mais ricos do País. Em reposta à matéria, Lírio Parisotto disse que o valor que consta em sua conta no HSBC na Suíça é declarado e também é compatível com sua receita.
A família Steinbruch, que também é dona do Banco Fibra, declarou que todos os ativos no exterior pertencentes à família têm finalidades lícitas e estão de acordo com a lei. "Quanto às menções a pessoas de sobrenome Steinbruch constantes de dados que foram roubados do Banco HSBC e manipulados, reiteramos que não correspondem à verdade e, por sua origem criminosa, não merecem comentários", diz em resposta à reportagem.
Outros nomes que constam na reportagem, são: Arnaldo José Cavalcanti Marques, empresário pecuarista, que negou ter conta na Suíça. Conceição Aparecida Paciulli Abrahão, dona de casa, que também negou ter conta na Suíça, Dario Messer, doleiro, que por intermédio de seu advogado negou as informações de uma conta de seu cliente na Suíça e disse que todas as suas movimentações são legais, Elie Hamoui, empresário do ramo alimentício, que negou ter contas no exterior, Generoso Martins das Neves, empresário e administrador da empresa de ônibus Braso Lisboa, que negou ter conta no HSBC, Jacks Rabinovich, empresário com participações nos grupos Vicunha e Fibra, que segundo a Época não quis falar com a reportagem.
Constam também da lista publicada pela Época, Jacob Barata, empresário do grupo Guanabara, de transporte público no Rio de Janeiro, que negou a existência de contas no HSBC na Suíça, Jean Marc Schwartzenberg, consultor de mídia, que negou ter enviado dinheiro ao HSBC da Suíça, José Roberto Cury, engenheiro e fundador da Tricury Construções e Participações, que afirmou desconhecer essa investigação, Luiz Carlos Nalin Reis, arquiteto e ex-secretário de Planejamento do Acre, que segundo a revista não respondeu aos telefonemas da reportagem, Mário Manela, empresário, que negou que tenha tido conta no HSBC, Renato Plass, administrador, que de acordo com a Época não respondeu aos recados da reportagem e Samuel Chadrycki, empresário e advogado, que não foi localizado pela reportagem.