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Réu do caso Alstom é apontado como lobista desde 1980

Cláudio Luiz Petrechen Mendes teria agido nos bastidores do governo paulista nas gestões Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho


	Alstom: segundo testemunho, de 1980 a 1990, "era uma prática ‘quase normal’ o pagamento de comissão pelos empresários"
 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Alstom: segundo testemunho, de 1980 a 1990, "era uma prática ‘quase normal’ o pagamento de comissão pelos empresários" (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 09h39.

São Paulo - O engenheiro industrial Avelino Rui de Oliveira Taveiros, arrolado pela Procuradoria da República como uma das 10 testemunhas de acusação no caso Alstom, revelou como agia o lobista Cláudio Luiz Petrechen Mendes nos bastidores do governo paulista, gestão Orestes Quércia (1987-1991) e gestão Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994).

Avelino Taveiros foi arrolado como testemunha no processo do caso Alstom porque em 10 de julho de 2008 prestou depoimento aos promotores de Justiça, Silvio Antonio Marques e Alexandre Petry Helena, do Ministério Público de São Paulo.

A testemunha relatou a atuação de Cláudio Mendes. "Naquela época (1980 a 1990) era uma prática ‘quase normal’ o pagamento de comissão pelos empresários". Ele esclareceu que "teve dezenas de conversas com Cláudio Mendes, especialmente no edifício onde moravam (no Itaim, bairro da Capital)".

Mendes é um dos 11 réus do processo sobre o suposto esquema de pagamento de propinas da multinacional francesa no setor de energia do Estado, entre 1998 e 2002. A Procuradoria atribui a ele crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Segundo a ação, em curso na Justiça Federal, Cláudio Mendes teria sido destinatário de 7% a título de "comissão" por ter agido como intermediário do governo de São Paulo com a Alstom, contratada para execução do polêmico projeto Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), no valor atualizado de R$ 183 milhões.

A suspeita sobre o lobista surgiu a partir da citação às iniciais CM em um documento francês que narra a distribuição de propinas no caso Alstom. No mesmo documento surgiram as iniciais RM.


Os investigadores concluíram que CM é Cláudio Mendes e RM é Robson Marinho - conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), suspeito de ter recebido US$ 1,1 milhão.

Segundo a testemunha, Mendes "era um dos coordenadores que faziam a ligação entre o Governo do Estado de São Paulo e os empresários do setor elétrico". "Cláudio Mendes era um dos coordenadores do Governo Quércia e continuou a exercer a mesma função durante o Governo Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994)", declarou Avelino Taveiros.

Naquela época, disse a testemunha do caso Alstom, "ficou sabendo que a comissão (propina) paga pelos empresários variava entre 10% e 30% do valor das obras contratadas pelo Estado de São Paulo".

Ainda segundo Taveiros, Cláudio Mendes admitiu a ele que "não entendia muito do setor elétrico". O lobista teria pedido sua ajuda para ‘conversar com empresários do setor’. Mendes, por seu lado, conversaria com interlocutores do governo paulista. A testemunha afirma que rejeitou a proposta.Um mês antes de Avelino Taveiros fazer seu depoimento ao Ministério Público, o próprio Cláudio Mendes foi ouvido.

Formado em Ciências Sociais pela USP e sócio da Ockham Holding e Participações Ltda - empresa que faz projetos de infraestrutura de portos, reflorestamento, mineração e geração de energia elétrica -, Mendes disse que nunca trabalhou como lobista.

Ele disse que "não conhece o conselheiro Robson Marinho" e autorizou, na ocasião, a quebra do seu sigilo bancário e fiscal. Assegurou que "nunca intermediou contatos entre representantes de empresas privadas e funcionários públicos de São Paulo ou da União".

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