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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.
Paula Gonçalves Braz da Silva, 16 anos, sempre quis ser advogada. A vontade aumentava cada vez que ela assistia a filmes que discutiam questões raciais nos tribunais. Na tela, as injustiças costumam ser corrigidas. Atualmente, Paula cursa a primeira série do ensino médio no Colégio Objetivo, em São Paulo. Faz inglês, dança, teatro, tem reforço escolar. Para realizar seu sonho profissional, ela terá de passar por um funil rigoroso. No ano passado, 12 194 candidatos brigaram pelas 460 vagas do curso de direito da USP. As chances de Paula, porém, seriam bem menores sem o apoio do BankBoston. Desde março de 1999, ela e outros 20 jovens negros participam do programa Geração XXI. Todos vêm de famílias de baixa renda de São Paulo. Até o final da universidade, a educação e a assistência médica e odontológica prestadas a eles serão financiadas pelo banco.
A parceria com o Geledés (Instituto da Mulher Negra), a Fundação Cultural Palmares e a Unesco proporciona aos alunos um amplo leque de atividades que vão da discussão da cidadania a aulas de arte. Minha vida mudou. Antes eu sonhava, mas sabia que teria muitas dificuldades , diz Paula. Agora o sucesso depende só do meu esforço.
O Geração XXI surgiu em 1999, após uma visita ao Brasil de integrantes da cúpula internacional do banco. Um deles quis conhecer executivos negros que trabalhassem na subsidiária brasileira. Não havia muitos exemplos a dar. A partir de então, o banco passou a investir na formação de adolescentes negros. Atualmente o BankBoston desenvolve 17 programas sociais no Brasil. No total, investe 5 milhões de reais por ano em ações como o projeto Russas, que distribui bolsas-escola para 300 crianças e adolescentes do Ceará que trabalhavam para complementar o orçamento doméstico. Outra ação, batizada de 100 Muros, une o exercício da cidadania ao cuidado com o espaço público de São Paulo.
O BankBoston foi escolhido como empresa-modelo pela segunda vez não apenas pela quantidade e qualidade de projetos sociais mas, principalmente, por ter integrado as iniciativas à sua agenda de negócios e à sua estratégia. Desde a reestruturação da Fundação BankBoston, há três anos, estamos profissionalizando nossa atuação , diz Marcelo Santos, presidente da Fundação BankBoston e vice-presidente de recursos humanos do banco. O foco em ações sociais não é mais uma questão de escolha das empresas. Felizmente esse é um caminho sem volta. A fundação mantida pelo banco tem sede própria, uma equipe de profissionais especializados em Terceiro Setor e anualmente discute com o conselho da empresa o orçamento para cumprir suas metas. Para 2002, estão previstos 3 milhões de reais em investimentos nos projetos sociais do banco. Outros 4 milhões irão para a Boston School e 2 milhões serão destinados a projetos culturais.
A atuação social do banco começou em 1990, quando seus executivos decidiram investir num projeto de recuperação do centro de São Paulo, onde fica sua sede. Um ano depois, surgiu a Associação Viva o Centro, ONG da qual fazem parte 200 entidades privadas. O segundo grande projeto veio em 1995. Ao lado do Sindicato dos Bancários, da prefeitura, de outras empresas e de instituições surgiu o Travessia. Seu objetivo é reintegrar crianças e adolescentes que vivem em situação de risco nas ruas de São Paulo. Em cinco anos, o Travessia conseguiu que 200 jovens deixassem as ruas, voltassem para as escolas e, em alguns casos, também para suas famílias.
Mas foi em 1999, com a reestruturação da Fundação BankBoston criada em 1984 , que os projetos passaram a ter uma cara e uma estrutura mais definidas. Foi quando começou o Participação Cidadã, canal que agrega os programas de mobilização voluntária dos funcionários do banco e de seus familiares. A estréia do Participação Cidadã se deu com a realização do Rally Social. Em sua terceira edição este ano, ele reúne os 4 mil funcionários em uma grande gincana social. Seis equipes são formadas e sai vencedora a que conseguir o maior número de pontos nas tarefas, que envolvem visitas a entidades sociais, doações e vendas de cartões de Natal. Atualmente vivemos em guetos. É muito difícil ter contato com outras realidades. As ações de responsabilidade social proporcionam isso , diz Geraldo Carbone, presidente do BankBoston no Brasil. No ano passado, o Rally Social envolveu o atendimento a 60 entidades, a criação de 72 bibliotecas e de 25 videotecas e a doação de 47 toneladas de alimentos.
Como responsabilidade social acontece também dentro de casa, o BankBoston tem outros exemplos para compartilhar. Na sede da empresa, os funcionários contam com atendimento terapêutico, de fonoaudiologia, de shiatsu e RPG em horário integral. Uma academia com capacidade para 500 pessoas está instalada no 29o andar do prédio. Todos os funcionários estão inseridos nos programas de remuneração variável. Atualmente, os executivos do banco também estudam um projeto de formação para deficientes físicos que deve ser integrado ao Programa Novos Talentos. Nosso objetivo é formar seres humanos melhores , diz Carbone. E obviamente isso se reflete na empresa. Pessoas melhores se relacionam melhor com os pares, com os clientes e com a companhia. Todos ganham.