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Retorno ao lucro reduz pressão por venda da Via Varejo

Depois de atingir o "fundo do poço", ao bater R$ 1,6 bilhão no fim de 2015, em meio à recessão, a varejista é hoje avaliada em R$ 11,9 bilhões na Bolsa

Via Varejo: a volta ao lucro tirou a pressão para vender a rede, mas não mudou o plano do Casino, controlador do GPA, de se desfazer da companhia (Germano Lüders/Site Exame)

Via Varejo: a volta ao lucro tirou a pressão para vender a rede, mas não mudou o plano do Casino, controlador do GPA, de se desfazer da companhia (Germano Lüders/Site Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de março de 2018 às 09h35.

São Paulo - Após amargar prejuízos em 2015 e 2016, o resultado positivo do ano passado marcou uma virada da Via Varejo, operação de eletrodomésticos do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e dona de Casas Bahia e Ponto Frio.

Depois de atingir o "fundo do poço" em valor de mercado, ao bater R$ 1,6 bilhão no fim de 2015, em meio à recessão, a varejista é hoje avaliada em R$ 11,9 bilhões na Bolsa.

A volta ao lucro tirou a pressão para vender a rede, mas não mudou o plano do Casino, controlador do GPA, de se desfazer da companhia.

O grupo não considera o ativo estratégico e, por isso, mantém bancos contratados em busca de potencial comprador para a rede.

O processo para encontrar um investidor está aberto há mais de um ano. No início de 2017, quando a empresa queimava caixa - situação revertida depois da metade do ano -, a necessidade de vender a empresa era maior.

Diversos grupos - como a varejista chilena Falabella e fundos de investimento como Bain Capital e Advent - analisaram a compra, mas não foram adiante nas tratativas.

O empresário Michel Klein, da família fundadora da rede Casas Bahia e hoje minoritário na Via Varejo, também manifestou desejo de ficar com o ativo e teve apoio de bancos para levantar o dinheiro, segundo fontes próximas à negociação. Mas após muita conversa e pouco avanço, Klein tirou o pé do acelerador em relação ao negócio.

Apesar das dificuldades, três bancos continuam com o mandato de venda da rede. O HSBC é responsável por garimpar interessados na Ásia, o francês Société Générale, na Europa, e o Rothschild participa do processo para Brasil e Américas.

No ano passado, o apetite dos interessados era maior, já que a empresa estava mais barata. Mas a recuperação da companhia ainda era uma dúvida, reflexo de erros estratégicos como manter separadas as estruturas físicas e online. Com a valorização da companhia, contudo, agora fazer o cheque ficou mais caro.

Procurado, o GPA confirmou a intenção de venda, mas não quis comentar. Klein e Rothschild preferiram não se manifestar. HSBC e Société não retornaram os pedidos de entrevista.

Troca na gestão

Com a expectativa de recuperação da economia, o cenário para a Via Varejo voltou a ser positivo. A Copa do Mundo também deve ajudar nas vendas do varejo, diz o analista Guilherme Assis, do banco Brasil Plural. Conta a favor da rede a dificuldade financeira de uma de suas principais rivais, a Máquina de Vendas, afirma Assis.

No entanto, a referência de execução de estratégias no setor não é a Via Varejo, mas o Magazine Luiza, que conduziu bem a integração entre as operações físicas e online e hoje é avaliado em R$ 17,5 bilhões.

Há duas semanas, o GPA anunciou que o executivo paranaense Peter Estermann, à frente da Via Varejo, irá substituir Ronaldo Iabrudi no GPA a partir de abril, com a meta de melhorar as operações de supermercados e hipermercados.

A Via Varejo passará a ser comandada por Flávio Dias, responsável pela área de e-commerce da rede. Em relatório, o BTG Pactual disse que Dias representa a manutenção da estratégia do negócio.

Mas há riscos no horizonte, tanto que bancos como o BTG e o Brasil Plural têm avaliação "neutra" sobre a perspectiva de nova valorização das ações da companhia.

Um analista de mercado disse que a alta do papel foi muito forte no último ano, limitando espaço para maiores ganhos. Além disso, apontou que o consumo pode ser afetado no segundo semestre pelas incertezas geradas pela eleição.

Por ora, a Via Varejo deixou de ser um dos maiores dos problemas do Casino, que neste momento quer focar na melhoria de rentabilidade do Pão de Açúcar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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