Negócios

Resultados devem mostrar o tamanho do pesadelo da Cielo

Depois de cair 7,6% na quinta-feira, as ações da empresa controlada por Bradesco e Banco do Brasil voltaram a cair 2,9% nesta segunda-feira

Cielo: ações da empresa de pagamentos caíram 56% nos últimos 12 meses (Cielo/Divulgação)

Cielo: ações da empresa de pagamentos caíram 56% nos últimos 12 meses (Cielo/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2019 às 07h02.

Última atualização em 23 de abril de 2019 às 07h23.

A empresa de pagamentos Cielo divulga nesta terça-feira, 23, após o fechamento do mercado, seus resultados do primeiro trimestre de 2019 e deve mostrar a seus investidores se o presente é tão preocupante quanto o futuro.

Depois de cair 7,6% na quinta-feira, as ações da empresa controlada por Bradesco e Banco do Brasil voltaram a cair 2,9% nesta segunda-feira, numa sequência que mostra o tamanho da desconfiança dos investidores. O motivo é uma série de divulgações da concorrência que tende a mudar o patamar de rentabilidade do mercado de maquininhas processadoras de pagamentos, historicamente liderado pela Cielo.

Na noite de quarta-feira passada, a principal concorrente, a Rede, do Itaú Unibanco, anunciou que seguiria a estratégia da GetNet, do Santander, e não cobraria mais taxas para antecipação de recebíveis dos lojistas. Ontem, outra concorrente, a PagSeguro, do Uol, anunciou que permitirá aos comerciantes receberam o pagamento de forma instantânea, e não depois de alguns dias, como é praxe no mercado. Segundo a PagSeguro, a medida “reforça seu compromisso de focar nas necessidades dos pequenos comerciantes”.

A Associação Brasileira das Empresas de Pagamento chegou a divulgar nota criticando as medidas em benefícios dos clientes. Mas o fato é que o aumento da competição entre as diferentes operadoras de maquininhas tem feito bem aos lojistas, historicamente sujeitos a altos custos como aluguel e taxas de transação e de antecipação. A Cielo surfou essa onda como ninguém, e manteve por anos rentabilidade na casa dos 50%. Em 2017, ela caiu para 35% e, em 2018, baixo para 28%. Ainda é um número que faz salivar executivos dos mais variados setores de atividade, mas a grande questão em aberto é qual o novo piso deste mercado.

A série de anúncios dos últimos dias mostrou que o mercado de pagamentos virou uma disputa entre quem pode mais, com a vantagem teórica nas mãos de companhias que não têm ações listadas em bolsa. Investidores estarão de olho na capacidade da Cielo de manter em marcha seu plano anunciado no ano passado de conquistar clientes entre micro e pequenos empresários e profissionais liberais. A meta era fazer a Stelo, sua empresa para este nicho, crescer 60 vezes para roubar a liderança da PagSeguro. Entre as vantagens oferecidas estava um cartão pré-pago que permite sacar dinheiro sem conta bancária vinculada.

Todas essas mudanças ainda pegaram a Cielo em meio a uma sucessão de trocas na presidência nos últimos dois anos. O anúncio dos resultados desta terça-feira, a conferência com investidores, na manhã de quarta, devem mostrar a capacidade da companhia de dar respostas aos desafios de curto, médio e longo prazos.

Acompanhe tudo sobre:CieloExame Hojesetor-de-cartoes

Mais de Negócios

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades