Consumo: com um crescimento acelerado no último ano, a P&G atingiu sua valorização mais alta em dezembro (Kathrin Ziegler/Getty Images)
Karin Salomão
Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 08h41.
A Procter & Gamble, P&G, fabricante do sabão para roupas Ariel, atingiu seu maior valor de mercado no ano passado, em um momento que mais e mais consumidores buscaram seus produtos de higiene e limpeza. A companhia deve continuar sendo impulsionada por essa tendência, já que muitos dos hábitos de consumo iniciados no começo do ano passado devem se manter com a segunda onda do coronavírus, como estocar papel higiênico, produtos de higiene e limpeza e alimentos.
A empresa dona das marcas de papel higiênico Charmin, papel toalha Bounty e lenços Puffs apresenta os resultados do último trimestre do ano hoje, 20. A expectativa é de uma receita de 19,15 bilhões de dólares para a dona dos produtos para cabelo Pantene e da lâmina de barbear Gillette, alta de mais de 5% no último trimestre do ano, segundo consenso de mercado.
Os últimos anos não foram fáceis para grandes e tradicionais empresas de produtos de consumo. As gigantes precisam provar que continuam relevantes para os consumidores, em um ambiente de rápida transformação e mudança de hábitos. Dois anos depois da fusão das indústrias de alimentos Kraft Foods e Heinz, a Kraft Heinz fez uma proposta para incorporar a Unilever e se tornar ainda maior, o que acabou sendo recusado. A Ab Inbev, a gigante cervejeira que cresceu com aquisições em todo o mundo, é desafiada por novos hábitos de consumo e pelo desafio de criar inovação em uma empresa tão grande.
No entanto, durante a crise, algumas dessas fabricantes tradicionais de bens de consumo se destacaram. A Procter & Gamble, dona das marcas Pampers e Always, foi uma das empresas impulsionadas com a pandemia, já que produtos como lenços, papéis toalha e outros limpadores se tornaram mais importantes que nunca.
Entre julho e setembro, período que a empresa considera como seu primeiro trimestre do ano fiscal, as receitas cresceram 9%. De janeiro a junho, a alta foi de 4%. No último ano fiscal, que terminou em julho do ano passado, a empresa faturou 71 bilhões de dólares, quase metade na América do Norte.
Com um crescimento acelerado no último ano, a empresa atingiu sua valorização mais alta em dezembro. Hoje, seu valor de mercado está em torno de 331 bilhões de dólares.
Enquanto o cenário macroeconômico continua enfrentando ventos contrários, a visão para o mercado de produtos de consumo é mais otimista em 2021. "A economia de serviços continua a sofrer, mas consumidores estão levando o dinheiro não gasto para a compra de mais bens", diz um estudo da Deloitte sobre o mercado de produtos de consumo em 2021.
A velocidade da vacinação, restrições de saúde e segurança, a continuidade do trabalho e da educação remotos e até o estado psicológico dos consumidores devem continuar afetando o mercado de bens de consumo.
"Despesa pessoal em consumo (base da economia) ainda é menor do que no quarto trimestre de 2019 e é provável que continue sendo pressionada para baixo no curto prazo, pela atividade econômica fraca, alto desemprego e a incerteza geral sobre a própria pandemia. No entanto, nem todos os setores estão passando pela crise da mesma forma, e uma economia afetada por uma pandemia ainda pode ser uma boa para muitas empresas de consumo", diz a Deloitte.