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Renner lucra R$ 172 milhões no 3º trimestre, com mais sede pelo digital

Com entregas realizadas em dois dias, na média, em todo o país, companhia acelera investimentos em logística - sem perder de vista as lojas físicas para uma integração completa

Companhia quer ter mais eficiência nas lojas (Lucas Jones Dias/Renner/Divulgação)

Companhia quer ter mais eficiência nas lojas (Lucas Jones Dias/Renner/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 12 de novembro de 2021 às 10h27.

Última atualização em 12 de novembro de 2021 às 10h28.

A Renner divulgou os resultados do terceiro trimestre nesta quinta-feira (11) e, neles, é possível constatar que a empresa teve um período bastante positivo: a receita chegou a R$ 2,3 bilhões, aumento de 43,5% ante o mesmo período de um ano antes, o lucro líquido foi de R$ 172 milhões, revertendo o prejuízo gerado na época da pandemia, e a margem bruta da operação de varejo evoluiu 5,6 pontos percentuais, se aproximando dos índices registrados em 2019. O Ebitda total ajustado da companhia foi de 438,5 milhões de reais, com a margem subindo 13,2 pontos percentuais no período.

Com um tíquete médio menor do que o de bens duráveis, o varejo de roupas consegue driblar a inflação de uma forma mais fácil do que a de outras empresas gigantes no país, que têm sofrido com o aumento dos juros (não custa lembrar que o lucro do Magalu caiu quase 90% neste trimestre, bastante influenciado por esses fatores). 

No caso da Renner, jogam a favor a volta da mobilidade com o avanço da vacinação, aliada ao hábito adquirido por clientes durante a pandemia de comprar online. De olho em margens melhores para a operação on-line, além, é claro, da óbvia aproximação com as consumidoras por uma melhor experiência de compra, a companhia destacou os investimentos na parte logística no trimestre, que reduziram o tempo de entrega. Nos últimos três meses, o GMV digital da companhia cresceu 8% em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Fizemos investimentos em eficiência na logística, que sempre foi muito importante, mas agora também tem sua atenção voltada ao consumidor final, reduzindo tempo de entrega. Como resultado disso, temos 45% das entregas da Renner, em média, no país, sendo realizadas em até dois dias e, em São Paulo e no Rio de Janeiro, 45% dos pedidos já são entregues em até um dia”, afirma Fábio Faccio, CEO da Lojas Renner, à EXAME.

Olhando além da principal marca em vendas para o grupo, a Youcom, também de roupas, consegue ter uma eficiência ainda maior nas entregas das compras on-line: 80% dos pedidos são entregues em até dois dias no Brasil, e 70% em até um dia em São Paulo e grande SP. De acordo com Fábio, isso é possível porque a parte mais relevante da operação digital da marca já estava em São Paulo -- algo que deve acontecer com a Renner também em breve, graças ao investimento de R$ 1,2 bilhão da companhia em um novo Centro de Distribuição.

Nas palavras do executivo, a parte física da estrutura desse novo CD já está totalmente pronta e, agora, faltam apenas componentes de tecnologia para que o novo local possa entrar em funcionamento. Além do estoque de roupas da própria marca, o novo galpão deve também servir para prestar serviços de logística aos parceiros da marca que vendem por meio do marketplace da Renner.

Falando em vendas online, é impossível ignorar que a companhia passou por um ataque hacker no trimestre, que comprometeu as vendas do site durante dois dias. Depois do “susto”, Fábio afirma que a empresa reforçou investimentos na frente de segurança e recuperação para prevenir novos ataques, sem comentar valores.

No varejo físico, em entrevistas concedidas recentemente, Fábio aponta que a marca quer abrir de 40 a 50 lojas novas no ano que vem, ante 32 inauguradas em 2020. Por enquanto, não há confirmação de que isso vá se cumprir, uma vez que esse orçamento ainda precisa passar por aprovações antes de a companhia "bater o martelo" de fato na nova meta.

No trimestre, o balanço também mostra aumento das despesas operacionais da Renner, que tiveram aumento de 32,5% e totalizaram 866,5 milhões de reais. Mesmo assim, o indicador de despesas sobre receita de vendas teve queda de 3 pontos percentuais no trimestre. Com a volta do varejo físico, não é difícil entender que parte desse valor vai para a reforma de lojas e a retomada dos investimentos após a fase mais crítica da pandemia, mas a Renner afirma que está indo além desses critérios para gastar com pontos que devem trazer retorno para a empresa. 

“Se a gente conseguisse separar o que das nossas despesas têm a ver com novas iniciativas que vão gerar retorno para a companhia, eu diria de que 5% a 7% desse valor está atrelado a isso. Além da despesa de tecnologia e de reformas, também estamos investindo em pessoas e em entender melhor a jornada de compra do cliente no mundo digital”, diz Fábio.

Por fim, na frente de pagamentos, a Renner afirma que vai lançar uma nova carteira digital para as clientes dentro da Realize, a instituição financeira do negócio. Atualmente, 90% dos clientes já acessam os serviços financeiros de forma digital e a financeira tem em torno de 6 milhões de clientes ativos. “A gente entende que tem de endereçar uma maior gama de produtos e serviços no futuro”, diz Fábio. Dentro dessa nova proposta, a Renner segue os passos de Magalu, Americanas e do próprio setor em que atua -- C&A e Marisa, ainda que não concorram exatamente pelo mesmo público, também anunciaram iniciativas semelhantes recentemente. De acordo com a companhia, a nova carteira digital começará a ser testada com um grupo de clientes em fase beta neste mês, novembro. 

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