Renner: projeção de queda de mais de 60% nas vendas no segundo trimestre por causa do fechamento das lojas físicas (Paulo Fridman/Getty Images)
Denyse Godoy
Publicado em 31 de agosto de 2020 às 06h00.
A temporada de divulgação dos balanços do segundo trimestre deste ano se aproxima do fim com emoção. Depois do fechamento do mercado nesta segunda-feira, 31, sai um dos resultados mais aguardados: o da rede de lojas de roupas de origem gaúcha Renner.
A varejista é uma das queridinhas da bolsa de valores brasileira. No início deste ano, atingiu seu maior valor de mercado, 45,6 bilhões de reais. Mas aí veio a pandemia do novo coronavírus, fechando shopping centers e lojas de rua do dia para a noite. Em quarentena, a maior parte dos consumidores simplesmente deixou de comprar roupas – não é preciso se arrumar tanto para ficar em casa, e, ademais, a forte incerteza em relação ao surto da covid-19 pede um reforço na poupança. Nesse cenário, as principais qualidades que fizeram da Renner quase uma unanimidade na B3 estão sendo testadas duramente. O balanço que sai hoje vai mostrar como a rede está se saindo.
A Renner conseguiu repetir na internet o bom atendimento oferecido nas lojas físicas? Manteve a agilidade na descoberta de tendências e no abastecimento das araras – predominantemente virtuais no período de abril a junho? Sofreu bastante inadimplência no crediário-cartão?
O site da varejista de moda não era muito conhecido antes da crise, então, por maiores que tenham sido os esforços da administração em tentar alavancar as vendas por esse canal, a Renner não deve ter conseguido repetir o sucesso de outros segmentos de comércio, como o de móveis e eletroeletrônicos. Segundo o consenso de mercado, as receitas da Renner devem ter recuado 63% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019, para 625 milhões de reais, e o lucro de 235 milhões de reais do ano passado deve ter virado um prejuízo de 288 milhões de reais.
Ainda assim, parecem números melhores do que os das concorrentes, que já divulgaram seus resultados trimestrais. O faturamento da C&A despencou 76,6% no período de abril a junho de 2020 ante igual intervalo de 2019, para 294,5 milhões de reais. A Guararapes, dona da Riachuelo, teve um prejuízo de 296,2 milhões de reais no segundo trimestre – contra um lucro de 54,9 milhões de reais no mesmo período de 2019 – e as Lojas Marisa viram suas perdas sextuplicarem para 171,7 milhões. Sofrendo um tombo menor (caso as projeções se confirmem), a Renner vai ter condições de se recuperar mais rápido também nos próximos trimestres.