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Relatório denuncia grandes bancos por lavagem de dinheiro

Os documentos apontam para transações de dois trilhões de dólares entre 1999 e 2017

Dinheiro: a investigação destaca a falta de poder das autoridades norte-americanas para regular operações financeiras sujas (Gary Cameron/Reuters)

Dinheiro: a investigação destaca a falta de poder das autoridades norte-americanas para regular operações financeiras sujas (Gary Cameron/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 20h22.

Quantias astronômicas de dinheiro sujo fluíram pelos maiores bancos do mundo durante anos, de acordo com um relatório do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) divulgado neste domingo. 

"Lucros das guerras mortais contra as drogas, fortunas desviadas dos países em desenvolvimento e poupanças suadas roubadas em esquemas Ponzi conseguem entrar e sair dessas instituições, apesar dos avisos dos próprios funcionários dos bancos, aponta a investigação realizada por 108 meios de comunicação de 88 países.

A investigação é baseada em milhares de "relatórios de atividades suspeitas" enviados por bancos de todo o mundo à FinCen, a polícia financeira do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

"Esses documentos, compilados por bancos, compartilhados com o governo mas mantidos fora da vista do público, expõem a fragilidade das salvaguardas bancárias e a facilidade com que os criminosos as exploram", escreveu o site Buzzfeed, na apresentação do relatório.

Os documentos apontam para transações de dois trilhões de dólares entre 1999 e 2017.

A investigação aponta em particular para cinco grandes bancos (JPMorgan Chase, HSBC, Standard Chartered, Deutsche Bank e Bank of New York Mellon) que acusa de mobilizar bens de supostos criminosos, mesmo depois de eles terem sido processados ou condenados por crimes financeiros.

"As redes pelas quais o dinheiro sujo circula pelo mundo se tornaram artérias vitais para a economia global", de acordo com o Buzzfeed News.

O Deutsche Bank afirmou que as divulgações "são bem conhecidas" dos órgãos reguladores. O banco alemão alega ter alocado "recursos significativos para fortalecer seus controles", bem como para cumprir "suas responsabilidades e obrigações.

A investigação destaca a falta de poder das autoridades norte-americanas para regular operações financeiras sujas.

Antes de o relatório ser divulgado, a polícia financeira do Tesouro alertou que a divulgação de relatórios de transações suspeitas sem permissão é um "crime que pode afetar a segurança nacional dos Estados Unidos".

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