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Relatora propõe aprovação de fusão Kroton-Estácio sob condições

Entre as propostas de remédios cobrados pela relatora está a alienação da marca Anhanguera, com um conjunto de ativos que totalizam 258 mil alunos

Kroton: a conselheira disse que na terça-feira as empresas apresentaram uma proposta de acordo, que não foi aceito por ela (Germano Lüders/Site Exame)

Kroton: a conselheira disse que na terça-feira as empresas apresentaram uma proposta de acordo, que não foi aceito por ela (Germano Lüders/Site Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de junho de 2017 às 18h40.

Última atualização em 28 de junho de 2017 às 19h22.

Brasília - A relatora do processo de compra da Estácio pela Kroton, Cristiane Alkmin, votou pela aprovação da operação, com restrições que incluem a venda da marca Anhanguera e de um pacote de ativos com 258 mil alunos, como antecipou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A tendência, de acordo com fontes que acompanham as negociações, é que outros conselheiros não concordem com a relatora e vetem a operação.

Em seu voto, a relatora exigiu a venda dos ativos da Uniderp, com 134 mil alunos, para um concorrente já estabelecido.

Também seria vendido um pacote com 124 mil matrículas de alunos presenciais, dos quais 70 mil onde a operação cria sobreposições de mercado. "Vamos dar mais concorrência nestes mercados", disse Cristiane.

O remédio faria com que a participação de mercado das empresas atingisse 14% na graduação presencial ante 10% da Kroton hoje.

Sem essas restrições, esse porcentual seria de 17%. A fatia chegará a 35% no ensino a distância, menor até do que a que a Kroton já tem hoje sozinha, que é de 37%. Sem o remédio, a concentração no EAD poderia chegar a 45%.

Além disso, a Kroton não poderá fazer novas compras nos próximos cinco anos nem publicidade por um ano.

Também foram feitas exigências de que Kroton e Estácio mantenham notas de qualidade por 5 anos.

Antes de apresentar seu voto, Cristiane rejeitou um acordo que foi protocolado pela Kroton no Cade na tarde de terça-feira, 27.

"Não se chegou a um consenso entre Kroton-Estácio e o conselho sobre um acordo", afirmou.

A relatora disse que o acordo está próximo a seu voto, mas que iria rejeitá-lo por não concordar 100% com os termos.

Negociações

Na terça-feira, o Broadcast antecipou que ela levaria a plenário um voto pela aprovação com restrições, entre elas a venda de cerca de 250 mil alunos.

De acordo com fontes que acompanham as negociações, os conselheiros não deverão acompanhá-la e vetar a operação.

Esse seria o maior veto dado pelo Cade desde a nova lei da concorrência, que, desde 2012, prevê que as operações sejam notificadas ao conselho previamente.

A compra foi anunciada por R$ 5,5 bilhões e criaria um grupo com valor de mercado de R$ 30 bilhões.

Kroton e Estácio são os dois maiores grupos de educação superior do Brasil e, juntos, terão valor de mercado que pode chegar a R$ 30 bilhões.

Se o Cade autorizasse a operação sem restrições, a nova empresa dominaria mais de 20% do setor e teria cerca de 1,6 milhão de alunos em suas fileiras.

Dos 118 municípios nos quais os dois grupos operam, há superposição entre eles em 17 cidades.

De acordo com a Superintendência Geral do Cade, em oito delas - sendo cinco capitais - haveria problemas de concentração como, por exemplo, a obtenção de mais de 30% do mercado.

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