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Reinado do aluguel: Vitacon não venderá mais nenhum apartamento em 2020

Alexandre Frankel, presidente da construtora, colocará em prática a estratégia de edifícios com foco em investidores e nômades da habitação

Alexandre Frankel, CEO da Housi e da Vitacon: "Não acredito no modelo em que a pessoa imobiliza seus ativos" (Vitacon/Divulgação)

Alexandre Frankel, CEO da Housi e da Vitacon: "Não acredito no modelo em que a pessoa imobiliza seus ativos" (Vitacon/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 25 de julho de 2019 às 07h30.

Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 19h54.

Poucas empresas acreditam tanto nas vantagens do aluguel sobre a compra da residência própria quanto a Vitacon. Criada em 2010, a construtora tem 64 edifícios nas ruas e pretende lançar o equivalente a 10 bilhões de reais em imóveis nos próximos anos. Todos os prédios terão algo em comum, além de poucas metragens e grandes espaços compartilhados: só estarão disponíveis para investidores e seus locatários.

Alexandre Frankel, fundador da Vitacon, defende que o setor de imóveis terá uma migração gradativa da aquisição ao aluguel, como ocorreu com os automóveis a partir da ascensão dos aplicativos de mobilidade urbana 99 e Uber. Em evento da Vitacon, realizado na semana passada, reforçou a tese ao anunciar que a Vitacon não venderá mais apartamentos a moradores finais a partir de 2020.

“Não acredito no modelo em que a pessoa imobiliza seus ativos, financiando um imóvel por 30 anos. Ou vive indo ao cartório e enfrentando burocracias ao longo de sua vida de proprietário. Nosso objetivo é prover um estilo de vivência mais leve”, afirmou Frankel.

O crescimento dos micro apartamentos

Essa suposta leveza começou pela pouca metragem e pouco comprometimento de capital. Fundada em 2010, a pequena construtora Vitacon vendia imóveis compactos (com plantas de 10 a 77 metros quadrados) perto de áreas comerciais e estações de metrô a preços mais atraentes (a partir de 90.000 reais).

O objetivo inicial era fazer atender usuários que preferiam tempo ao espaço, fugindo do trânsito da cidade de São Paulo. O negócio deslanchou durante os anos de recessão econômica. Segundo Frankel, quatro a cada dez imóveis vendidos apresenta alguma desocupação e a Vitacon teve “captações relevantes enquanto o setor sofria”. A construção civil encolheu 20,5% de 2014 a 2018. A expectativa é que haja crescimento em 2019 — um tímido 1,3%.

A Vitacon foi adicionando diferenciais além de preço e proximidade ao longo dos anos. Apostou em espaços compartilhados e na criação de eventos para sua “comunidade”, compradores ou locatários. Depois, criou o spin-off Housi para digitalizar a documentação de compra e locação e também a prestação de serviços, como contratação de internet e pedidos para limpeza e reforma.

Também na semana passada, a Vitacon anunciou a integração com startups para instalar serviços em seus futuros edifícios como cadeiras massageadoras para fazer manicure e pedicure; salas para consultas médicas; estações para alugar carros, bicicletas e patinetes elétricas; e congeladores com marmitas artesanais.

“Vamos continuar questionando a situação atual do mercado imobiliário e acho que ele mudará mais nos próximos dez anos do que nos últimos 450, desde a criação do primeiro cartório”, afirmou o fundador em entrevista anterior a EXAME

A companhia faturou 1,3 bilhão de reais no último ano. Em 2019, pretende faturar 2,3 bilhões de reais. Em março, a Vitacon recebeu um aporte de 500 milhões de reais do fundo americano 7 Bridges Capital para lançar o equivalente a dois bilhões de reais em imóveis até o mesmo mês de 2020. Frankel estimou a EXAME que o comprometimento em imóveis crescerá cinco vezes em 2021, para 10 bilhões de reais.

Quem ditará o sucesso de tanta ambição serão os moradores do futuro. Para Frankel, quanto mais desapegados eles forem, melhor.

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